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Os cariocas se dividem entre os favoráveis à remoção das favelas e aqueles que são contrários à medida, que periodicamente é lembrada como solução radical para o problema – socialmente, o maior do Rio de Janeiro e, em escala menor, de outras grandes cidades brasileiras.

Na passagem dos séculos 19 e 20, o Rio tinha cortiços, um deles imortalizado por Aluísio Azevedo. E praticamente só possuía uma favela, no morro homônimo, que deu nome às demais. Era um agrupamento de barracos rodeado por uma cidade. Hoje, a cidade é que está rodeada por favelas, que aparecem em todas as partes e se expandem em progressão geométrica.

Já foram feitas tentativas de remoção operadas pelo Estado, criaram-se bairros que abrigariam a população deslocada, caso da Cidade de Deus e da Vila Kennedy. Mas para comportar os moradores da Rocinha, por exemplo, com 500 mil favelados, seria necessário construir uma cidade do tamanho de Brasília em seu início, que, segundo Lúcio Costa, teria exatamente este limite de ocupação: 500 mil habitantes.

Outras tentativas de minimizar o problema não resolveram a questão. Pintar os barracos com cores berrantes ou criar elementos que lembrassem a obra de Mondrian também não deram certo – acentuaram a pobreza, ampliada pelo ridículo.

Para impedir a expansão das favelas, alguns técnicos falam na construção de muros, que, colocados em linha reta, formariam uma nova muralha tão grande ou maior do que a da China. Seriam guetos medievais, protegidos por uma estrutura policial que até hoje não deu para garantir a segurança da cidade.

Os entendidos lembram que os condomínios fechados são guetos às avessas para proteção dos ricos. E aí?

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