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Carta de leitor na edição da última quarta-feira, comentando a morte de Clodovil Hernandez, lamenta que somente agora, com os obituários publicados, ficou sabendo que ele apresentara um projeto reduzindo o número de deputados acho que pela metade.

Eu também ignorava este projeto do polêmico parlamentar e acredito que muita gente também não sabia que, além de criar alguns casos próprios de seu temperamento, ele tivera uma belíssima ideia que um dia, acredito, será retomada.

Será uma batalha difícil, o número de deputados é regulado em lei maior e proporcional ao colégio eleitoral de cada estado. Evidente que Clodovil, sozinho, não teria condições de modificar a situação. Mas a ideia é boa e muita gente pensa como ele, inclusive o autor destas mal traçadas – e bota maltraçadas nisso.

O motivo da desinformação é simples. A mídia habituou-se a discriminar o universo - seja ele o universo político, econômico, ideológico, social, ou artístico – em duas categorias distintas e imutáveis: a dos eleitos e a dos réprobos, a dos bons e a dos maus, caretas e bacanas, vestais e pecadores.

Por diversos motivos, Clodovil pertencia à banda demonizada pelas cultas gentes. Se descobrisse a cura do câncer, o elixir da juventude, o Santo Graal, a quadratura do círculo, os ossos de Dana de Teffé, ninguém saberia.

Em compensação, todos saberíamos que ele usava pijamas de seda com dragões pintados nas costas e que suas cuecas tinham gravado o nome dele encimado por uma coroa de duque.

Na pauta das edições, seja nos jornais, revistas, rádios e tevês, qualquer notícia relativa a essa subhumanidade só merece destaque quando acentua e amplia a enormidade da breguice que lhe é atribuída. Chamam a isso de "imagem pública".

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