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Rio de Janeiro – Por precaução, mais do que por convicção, o presidente da República não enviará ao Congresso o projeto que torna o aborto legal. Diz ele que o assunto é da alçada dos representantes do povo. Não deve ser iniciativa do Poder Executivo.

Empurrando a responsabilidade para o Legislativo, Lula tira a mão da cumbuca, reservando-se para o momento em que terá de vetar ou sancionar a decisão do Congresso. É evidente que os congressistas também entrarão no jogo do empurra, com olho na pressão de diversas religiões que condenam o aborto, a Igreja Católica em primeiríssimo lugar.

De qualquer forma, o problema está posto na agenda da nação. Os que são contra o aborto são contrários também ao plebiscito sobre a questão, no pressuposto de que ele seja favorável ao "assassinato de inocentes". É o caso de lembrar o mais recente plebiscito sobre a fabricação e a venda de armas.

A parcela da população que se julga a mais esclarecida até hoje não engoliu o resultado da consulta direta ao povo. Dava como certa a vitória da proibição, não acreditava que a maioria diria "não" à facilidade com que se fabricam e vendem armamentos. A decepção ainda não foi absorvida: toda vez que há tiroteio, há sempre um Jeremias chorando e lamentando a decisão das massas, que recusaram a solução de acabar com a violência pela raiz, proibindo a compra indiscriminada de armas.

A impressão é que, no caso do aborto, a maioria da sociedade é a favor da interrupção da gravidez não desejada. Mentes esclarecidas, formadores e informadores de opinião, cientistas políticos e sociais, filósofos de várias tendências ocuparão a mídia salientando a oportunidade e a urgência da liberação do aborto. Tal como fizeram no plebiscito sobre o uso de armas.

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