Rio de Janeiro São muitas e variadas as impressões que podemos ter de Octavio Frias de Oliveira. Há, evidentemente, um eixo, um núcleo que está sendo abordado pelos depoimentos de personalidades que o admiravam. Os mais próximos, que com ele conviveram e trabalharam, destacam sua objetividade, seus valores morais, seu amor à verdade e o respeito às opiniões contrárias ao seu modo de pensar.
Nas reuniões do Conselho Editorial que presidia, era o que menos falava. Gostava de ouvir. Perguntaram a São Vicente de Paula qual o segredo de seu sucesso no confessionário e ele respondeu: "Eu sei ouvir". Seu Octavio sabia ouvir.
Dele guardo uma experiência inédita em meus 60 anos de jornalismo militante. Quando da campanha presidencial para a sucessão de Itamar Franco, com o eleitorado dividido entre FHC e Lula, ele deixou claro que admirava seu antigo colaborador e amigo de muitos anos (FHC), mas cada um deveria manifestar seu pensamento livremente.
Nos oito anos do mandato de FHC, pelo menos duas vezes por semana eu e outros cronistas da Folha criticávamos o seu governo. Nunca fomos censurados ou advertidos. O mesmo está acontecendo com o governo de Lula. A independência que ele imprimiu ao seu jornal estendeu-se a seus colaboradores.
Curtido numa vida em que o trabalho era a chave de sua autonomia como homem e como profissional, ele exerceu outros ofícios antes de se fixar no jornalismo, que até então era monolítico, expressando a opinião de grupos e pessoas de pensamento homogêneo.
Abrindo seu jornal ao pluralismo das tendências e debates, ele criou um fato novo na mídia nacional, um fato que alguns ainda não compreenderam mas que marca um ponto de não retorno na imprensa brasileira.
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