Rio de Janeiro O encontro de Lula com Collor no gabinete presidencial espantou e irritou a muitos, que consideraram uma exibição de cara de pau dos dois, uma vez que foram adversários e um deles, Collor, foi varrido da Presidência sob sérias acusações de corrupção.
Apesar de ter seus direitos políticos cassados, o Supremo o absolveu por falta de provas, levando em consideração o clima de exaltação política da época. De qualquer forma, ele cumpriu sua pena e voltou à vida pública com um mandato de senador.
Fez bem em procurar o ex-adversário que, como presidente da República, convidou outros representantes do PTB para o encontro. E Lula fez bem em não discriminá-lo. O resto ficou por conta da cordialidade, que não faz mal a ninguém. Afinal, a pena a que Collor foi condenado não era perpétua, que equivaleria a uma pena de morte política.
No crime comum, cumprida a pena, espera-se que o condenado tenha aprendido a lição e seja absorvido pela sociedade, em igualdade de situação perante outros cidadãos. Na vida prática, costuma haver reincidência, daí que se discute atualmente uma alteração no código penal, abrindo espaço para a pena de morte e para a prisão perpétua. Não é o caso, pelo menos não é o caso de Collor.
O encontro deixou irritados aqueles que consideram uma falta de caráter nacional o seu retorno à vida pública. Como se a vida pública fosse constituída de vestais imaculadas. Não vem ao caso citar nomes, mas no que diz respeito ao ex-presidente, condenado que foi pelo seu passado, no presente e no futuro ele será julgado pelo que agora fizer.
Lula foi, além de adversário de Collor, um dos líderes da campanha pelo impeachment. Ao menos neste episódio, deu sinal de grandeza política e pessoal.
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