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Não costumo comentar produtos da televisão, muito menos as novelas que estão no ar. Mas a minissérie sobre Maysa obrigou-me a uma reflexão: texto do como sempre excelente Manoel Carlos, ela está sendo dirigida por Jayme Monjardim, filho único da cantora. Quando superintendente da teledramaturgia da Rede Manchete, trabalhei com ele e fui testemunha do impacto provocado por "Pantanal".

Ao dirigir um exercício dramático sobre sua mãe, Monjardim dá um exemplo de seriedade e profissionalismo. Outro qualquer poderia ser acusado de apelação, não ele, que, embora jovem, possui uma bagagem respeitável, um conjunto de obra de primeira qualidade.

Falta de tempo me impede de assistir à minissérie, mas, conhecendo a sensibilidade do diretor, credito-lhe um dos momentos mais importantes da história de nossa televisão: um filho dirigir um produto dramático sobre a vida de sua mãe. Uma experiência que pouquíssimos artistas puderam realizar.

Aliás, temos outro exemplo mais ou menos parecido em nosso mundo editorial. Arnaldo Bloch escreveu a saga de sua família ("Os Irmãos Karamabloch"), incluindo entre os personagens seu avô e seu pai. Alguns leitores imaginam uma catarse do autor, reduzindo a literatura a simples terapia psicanalítica.

Tanto no caso de Jayme Monjardim como no caso de Arnaldo Bloch, o que importa é a elaboração artística de uma obra que transcende o particular e atinge o universal.

Maysa e os Blochs pertenceram a um tempo que se escoou. A minissérie sobre a cantora e a conturbada história dos gráficos ucranianos que chegaram ao Brasil são intemporais, destacam a ventura e a desventura humana em termos de arte dramática e literária. Merecem o respeito de nossa reflexão e admiração.

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