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Rio de Janeiro – Nem todo político é corrupto. São muitos, talvez a maioria, que se destacam pela vida decente, acima de qualquer suspeita. Mas todos são mentirosos, sobretudo em tempo de campanha eleitoral. Dirão que é uma necessidade operacional, quando mentem até descaradamente.

Não me refiro às promessas – algumas delas até poderão ser cumpridas. Refiro-me às mentiras institucionais. Agora mesmo, quando o tabuleiro se arruma para outubro, nos bastidores da política nacional o assunto e a meta são as alianças. Nenhum partido, sozinho, chegará ao poder. E aí se desenrola uma das práticas mais repugnantes da política nacional.

Vejo um candidato já lançado afirmar que buscará alianças em torno de programas, de idéias comuns pelo bem da pátria. Mentira que o lugar-comum classifica de "deslavada".

As alianças se formam e se deformam em torno de fatias concretas de poder, quem será isso ou aquilo, a quem tal ministério ou estatal pertencerá.

A promiscuidade será total. O presidente que sairá dessas alianças de campanha será obrigado a nomear ministros que lhe serão apresentados após a vitória, pessoas que o chefe do governo nem conhece, às vezes nunca ouviu falar delas.

Mas falará sempre em equipe coesa – a palavra era exclusividade dos pronunciamentos militares, foi cooptada pelos políticos civis, com a diferença de que os militares são e estão sempre coesos em torno das chamadas doutrinas nacionais, enquanto os civis nunca estão coesos em coisa nenhuma, a não ser em saber quem levará vantagem aprovando ou negando determinada medida governamental.

De tal forma as alianças são espúrias (outro lugar-comum) que o governo delas resultante nascerá bichado como o PT e o PSDB.

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