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Ainda não chega a ser um sintoma, mas o indício de que alguma coisa está mudando na cabeça dos homens públicos, pelo menos aqui no Brasil. Um deputado e agora um senador declararam que não dão a mínima à opinião geral do povo, segundo eles, fabricada e massageada pela mídia, notadamente pelos jornais.

Durante quase todo o primeiro mandato de Lula, com exceção de seus primeiros meses no poder, o noticiário e os comentários dos informadores de opinião o massacravam, aludindo entre outras fraquezas a falta de escolaridade e o excesso de bebida. Hoje, Lula caminha para quase uma unanimidade nacional e internacional, com crescentes taxas de popularidade.

Mudando de seara, em seus 50 anos de vida artística, Roberto Carlos foi execrado pelos entendidos em música popular, tanto como compositor como cantor. Todos os anos, ao sair um novo disco dele, caíam em cima na base de "atingiu o ponto mais baixo de sua carreira". Brega, repetitivo, suburbano, fim da picada – ele continuou na dele, não deu bola para a mídia e se transformou no fenômeno que é, lotando o Maracanã num dia de chuva e com o repertório que os sábios de Atenas consideram cafona. Há exemplos assim em quase todos os setores, sobretudo na política e na administração. E há também estupefação quando o anátema da mídia não encontra ressonância proporcional. Collor, Barbalho, Renan, Maluf – para citar os mais polêmicos, deram a volta por cima e continuam aí, Collor em ascensão, tentando o governo de Alagoas, Maluf sendo dos mais votados para a Câmara de Deputados.

Os exemplos são tais e tantos que um dos satanizados pela mídia declarou-se satisfeito e orgulhoso pois nunca recebera tantos convites para dar palestras em faculdades. E tem como garantida a sua reeleição.

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