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Nada assanha mais a mídia especializada do que uma reforma ministerial. É natural que fique assanhadíssima quando se forma um novo ministério a cada governo, ministério que depois de formado é sucessivamente reformado ao sabor das contingências e exigências de cada situação.

Aqui do meu canto fico pasmo com os nomes que são lembrados, insinuados ou rotulados como indispensáveis à salvação da Pátria. E o pasmo é maior quando fico sabendo que determinado técnico ou político está cotado para dirigir as finanças, as obras públicas, as endemias rurais, a reforma agrária, a segurança pública e a previdência social. Deve tratar-se de um monstro capaz de administrar qualquer coisa, desde que seja ministro por conta da cota destinada a determinado partido que ajudou alguém a eleger-se.

Compreendo que o presidente, para cumprir os compromissos assumidos durante a campanha, aceite nomear um cidadão que nada tem a ver com a pasta. O que não compreendo é que o sujeito, muitas vezes um advogado de peso, um industrial bem sucedido, um técnico de seguros, tope um ministério que vai cuidar da transposição do Rio São Francisco ou sanear a dívida do INSS.

Felizmente, não pertencendo a nenhum partido, a nenhuma corrente de opinião a não ser à minha, não fui até agora lembrado para nenhum ministério, autarquia ou estatal. É um fato auspicioso para mim e para a nação.

Há tempos, num dos governos militares, um médico sanitarista chegou a ser cotado para o Ministério da Viação e Obras Públicas. E um engenheiro foi parar no Ministério da Educação.

Agora, num delírio pessoal de cronista sem assunto, se criarem um Ministério de Coisa Nenhuma, podem lembrar do meu nome.

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