Rio de Janeiro – Pode ser lenda, mas vários de seus biógrafos adotaram a cena e a frase como verdadeiras. Numa de suas batalhas – alguns autores dizem que foi em Arcole, outros em Lodi –, Napoleão tomou a frente de sua tropa e enfrentou a chuva de balas que matavam seus soldados à direita e à esquerda. Um deles advertiu o general para o perigo, Napoleão respondeu: "Ainda não foi fundida a bala que me matará".

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Não deixava de ter razão. Napoleão morreria muitos anos depois – de úlcera, de câncer ou envenenado por seu carcereiro, Hudson Lowe, na ilha de Santa Helena. Ficou o exemplo de sua obstinação: jamais seria ferido mortalmente em campo de batalha.

Reduzindo-se a escala histórica e a heroicidade do episódio, com Lula está acontecendo alguma coisa mais ou menos parecida. Nos últimos dois anos, ele vem enfrentando uma saraivada de balas que ceifaram alguns de seus soldados, gente rasa da tropa, e alguns graduados, marechais-de-campo devidamente medalhados.

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Ele permanece incólume, indevassável, criaram para ele uma blindagem não apenas política mas policial, uma vez que a batalha saiu definitivamente da órbita política, tendo penetrado no pátio sombrio da polícia. Há um "no trespassing" isolando a pessoa física do presidente, embora sua figura pública tenha ficado comprometida pela proximidade das vítimas que caem a seu redor.

Não me refiro a seu irmão Vavá, agora indiciado pela Polícia Federal, mas de malignidade quase inofensiva, por lhe faltar, como o próprio Lula reconheceu, "capacidade intelectual" para praticar o lobby.

Mas alguns de seus amigos mais chegados, compadres, companheiros das primeiras horas, em postos-chaves de seu governo, estão tombando a cada operação da PF.