Rio de Janeiro Semana passada foi inaugurada a estátua do poeta Manuel Bandeira, junto à Academia Brasileira de Letras, não muito longe do apartamento em que ele morava na Avenida Beira-Mar. A maior parte das estátuas em todas as cidades é sempre a de um homem em cima de um cavalo. O poeta está sentado junto à mesa de trabalho, numa atitude muito sua, a de olhar o passado "intacto, suspenso no ar".
No sábado, foi celebrada missa pela paz na praça da Apoteose, promovida pelo "Jornal do Brasil" e que levou para o sambódromo 30 mil pessoas, na maior concentração até agora realizada contra a onda de violência que desabou sobre a cidade. Ainda no sábado, na enseada de Botafogo, houve um show aéreo que juntou, segundo os jornais, 1 milhão de espectadores. Não me dei ao respeito de assistir nem a missa nem o show, mas vi pela TV os dois eventos que deram vida à cidade, mostrando que nem tudo está perdido por nossas bandas.
Vejo todos os dias a paisagem que se tornou cartão-postal do Rio, a curva maravilhosa da praia, a baía, o Pão de Açúcar ao fundo, os morros mais distantes de Niterói. O show dos aviões combinou estupendamente com o cenário e trouxe emoção, havia obstáculos espalhados pela baía, os aviões tinham de cumprir um circuito perigoso, rente à água, entre balizas próximas, numa ordem que chegava a ser temerária.
Além do show dos aviões, pilotados por ases internacionais, habituados a esse tipo de espetáculo, o que me encantou foi mesmo o enquadramento da paisagem cortada pela fumaça branca dos aparelhos, pano de fundo bem superior ao cenário de Monte Carlo nas corridas da Fórmula Um.
Um Rio passado a limpo, civilizado, solidário, bem diferente do Rio a que infelizmente estamos habituados.