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Creio que nunca um presidente da República de qualquer país arrastou tanto povo para presenciar de corpo presente um acontecimento histórico

Não sou admirador fanático daquilo que se pode chamar de cultura ou civilização norte-americana, também conhecidas como "american way of life". Os admiradores têm seus motivos, os que não admiram também. Tampouco espero maravilhas curativas da gestão de Barack Obama. O mais importante já foi feito – e com brilho histórico: enterrou formalmente o preconceito racista que ainda prevalecia em algumas camadas da sociedade. Neste particular, os Estados Unidos merecem nota dez.

Acompanhei alguns momentos da posse do novo presidente e admirei a sobriedade do protocolo, sem aquelas filigranas de pompa e circunstância que marcam a subida ao trono dos poucos monarcas que ainda resistem e dos presidentes de países chegados ao oba-oba.

Não houve transferência da faixa presidencial, como nos concursos das misses e nas posses dos mandatários da América Latina e de outras regiões. Tampouco a presença maciça de chefes de Estado, que certamente foram representados por seus embaixadores.

Se a liturgia foi sóbria, o entusiasmo da multidão que acompanhou a cerimônia sob um frio de 3 graus abaixo de zero foi realmente comovente. Creio que nunca um presidente da República de qualquer país arrastou tanto povo para presenciar de corpo presente um acontecimento histórico.

Não estou dizendo que Obama é, em si, um fato histórico. Sua eleição e posse sim, são um momento dos mais importantes na trajetória dos Estados Unidos e, até certo ponto, do mundo. Embora tenhamos como nunca espaço para a esperança e força contra o medo (os dois referenciais mais citados durante sua campanha eleitoral e em seu discurso de posse), tudo dependerá agora da capacidade de um homem resistir às pressões da máquina do complexo industrial-militar.

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