Rio de Janeiro – Entre as besteiras que circulam por aí sobre "O Código Da Vinci", a mais arrepiante é que a história do casamento de Jesus com Maria Madalena derruba um "dogma" da Igreja Católica.

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Não há nenhum dogma sobre isso. Há o sexto mandamento, que Moisés trouxe do Sinai, anterior de alguns séculos ao nascimento de Jesus e à existência da Igreja. Mandamento que, com os outros nove, formam a Torá do judaísmo, que passou para o cristianismo e, mais tarde, para todas as seitas que dele nasceram. Mesmo que Jesus se tenha casado, isso em nada afetaria sua missão e, principalmente, a sua mensagem, que há 20 séculos atravessa a história. Além do mais, foi ele quem elevou o casamento a uma categoria sagrada, a um dos sacramentos, ao lado do batismo, da confissão, da comunhão etc. Seu primeiro milagre foi nas bodas de Canaã, da qual participava com sua mãe, Maria.

Que se escandalizem os que desejam escândalo. A besteira do livro e do filme passará sem deixar vestígios. A lenda de um relacionamento de Jesus com Madalena é antiga, e a Igreja, nenhuma das igrejas cristãs, não perdeu ou perderá substância por causa disso.

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Jesus casou, e daí? Sugerir que, ao longo dos séculos, a Igreja Católica boicotou esse casamento é uma besteira que nem merece o nome de folclore religioso. E procurar descendentes do casal ao longo da história equivale à procura da mula-sem-cabeça e do saci-pererê.

Umberto Eco, que além de romancista é um ensaísta de peso, disse tudo quando foi questionado sobre "O Código da Vinci": uma burrice. Casado ou solteiro, Jesus, para seus crentes, será sempre a alegria dos homens. Os "homens" aqui incluindo as mulheres, formando a humanidade pela qual, segundo seus crentes, ele morreu, redimindo-a do pecado original.