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Rio de Janeiro – Como se não bastassem os problemas antigos e os recentes, eis que consigo mais um: minha filha viajou e deixou-me um gato por missão. Isso mesmo: missão.

Ela tomou a louvável iniciativa de deixar o gato com uma amiga, possuidora de outro gato. Fui ao aeroporto levar o meu rebento e, na volta, já encontrei o recado: o gato não poderia ficar onde estava por causa do gato pré-existente. Àquela hora, eu não podia consultar minha filha a respeito do gato dela. Ela fora taxativa ao embarcar: casos omissos seriam resolvidos por mim.

A transitória depositária do gato da minha filha decidiu levá-lo para uma clínica veterinária na Tijuca, que custei a localizar. Era uma velha casa caindo aos pedaços.

À minha entrada, todos os animais se assanharam, cães, micos, gatos e até mesmo um bicho estranho que me parecia uma gentil mistura de veado com cabrito.

O gato de minha filha lá estava, deprimido: a realidade da clínica, os cães e os micos, aquele animal misto de veado e cabrito. E o pior ainda não lhe acontecera: a minha chegada. O responsável pela clínica retirou-o a custo de sua pequena jaula e esforçou-se por colocá-lo na cesta que o levara até ali.

Depois de muito parlamentar (sem alusão aos nossos deputados), consegui um protocolo de coexistência pacifica com o gato: ele ficou quieto e eu deixei de tentar suborná-lo com afagos e frases carinhosas. Trouxe-o para o carro e foi no carro que ele passou a sua primeira noite longe de sua dona e de sua casa.

Pela manhã, encontrei-o mais calmo. A forração do carro ficou em frangalhos, mas, honra seja feita, o estrago ficou nisso. E assim enfrentei a segunda-feira com a tarefa suplementar de encontrar uma casa e um dono provisório para ele. E, se possível, também para mim.

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