Davi, um dos personagens mais importantes do Velho Testamento, e de cuja descendência nasceria o Messias, era um jovem pastor que derrotou Golias, o gigante filisteu, com uma simples funda. Qualquer guerra ou briga desproporcional lembra o episódio inicial do futuro rei e salmista.
No atual conflito entre Israel e os palestinos da Faixa de Gaza, alguns analistas lembram o duelo entre Davi e Golias, embora às avessas. Dessa vez, o gigante é Israel, acusado, entre outras coisas, de revidar desproporcionalmente ao pigmeu adversário.
Não há registro de guerras proporcionais. Um dos lados é sempre mais forte. Se houvesse uma lei universal estabelecendo a proporcionalidade das guerras, todas elas terminariam empatadas, como o campeonato de futebol na Bahia se acaso a macumba decidisse as partidas.
É evidente que o massacre promovido contra Gaza aterroriza a comunidade internacional. Os mais exaltados lembram que os palestinos estão sofrendo um novo holocausto. De outro lado, reconhece-se o direito de Israel de se defender dos ataques do Hamas. E é justamente isso o que ele está fazendo há 60 anos contra seus inimigos mas sem vencer realmente.
As vitórias nas diversas guerras pela instalação e segurança do Estado judeu foram obtidas militarmente pelo mais forte, mas se reduziram a batalhas que não decidiram o conflito. Pelo contrário: deram mais motivos para a continuação da luta.
Dois anos atrás, a briga foi ao norte de Israel, em território libanês, contra o Hizbollah. Agora é no sul, na Faixa de Gaza, contra o Hamas. A funda dos palestinos não derrubou o Golias. Tampouco o Golias encontrou o caminho para se livrar daqueles que o atacam. A força não trará a paz, a não ser a continuação da força.
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