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Língua solta: as frases da semana

"Somos um movimento anarquista que representa um estilo de vida alternativo. Ficamos nus para representar a fragilidade do corpo humano diante das máquinas motorizadas." Do estudante de Economia Gunnar Nelson Thiessen, 24 anos, ao justificar porque participou totalmente nu da Bicicletada promovida para comemorar em Curitiba o Dia Mundial Sem Carro, na segunda-feira (22).

"Tirei a roupa para mostrar às pessoas a essência de se ter qualidade de vida." Da massoterapeuta Elenice Magalhães, 25 anos, que também ficou nua no mesmo evento.

"Eles tomaram conta da rua. Só não aconteceu algo pior porque o motorista arrancou rápido." José K., zelador de um dos prédios vizinhos ao estádio Couto Pereira, sobre a "emboscada" armada por torcedores do Coritiba e do Grêmio a um ônibus onde estavam torcedores do Atlético.

"Ele é o grande cabo eleitoral, tem força de transferência de voto, mas o candidato tem que ser palatável politicamente." Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus, comentando a aprovação recorde do governo Lula, que recebeu avaliação positiva de 68% dos entrevistados.

"A camiseta ou o boné podem indicar que houve distribuição de brinde. Por isso é melhor não ir vestindo esses materiais para não causar um mal-entendido." Da juíza Lídia Guedes, da 178ª Zona Eleitoral de Curitiba, sobre a fiscalização da propaganda boca-de-urna no dia da eleição, no próximo domingo.

No início da década de 1960, o professor canadense Herbert Marshall McLuhan lançou um conceito interessante sobre a comunicação: "O meio é a mensagem". A idéia era de que os meios de comunicação são mais importantes que o conteúdo comunicado; o que em certo sentido é correto, visto que a internet, o veículo de nossa era por excelência, tem um efeito de "ressonância comunicativa" sobre todos nós que transcende o conteúdo.

E os milhões de pessoas que têm na internet um auxiliar precioso e indispensável ao trabalho, estudo e lazer, concordarão que a rede contribuiu para uma expansão considerável de suas habilidades pessoais.

Mas no momento em que vivemos, de revolução tecnológica, a experiência contemporânea estabeleceu novos conceitos e modos de vida; e esse sentimento de onipotência e onisciência que a rede mundial de computadores pode trazer gera no usuário menos preparado o risco de acreditar que o conhecimento sempre se obtém com poucos esforços.

Os links que se sucedem nas páginas eletrônicas chamam a atenção e mostram novos horizontes, atraem e produzem deslumbramentos, mas não trazem maturidade. Muito mais que a informação em si, a tecnologia da informação provoca alterações sensíveis nos usuários, inclusive no âmbito das artes, que dependem cada vez mais da mídia digital.

O compartilhamento proporcionado por essa mídia mudou nossa perspectiva e ampliou o desenvolvimento de réplicas, fazendo desaparecer o conceito de originalidade e propriedade, assim como a noção de obra de arte, do único e do trabalho individual.

O estudo aprofundado de um tema está se tornando raro, e os professores cada vez mais assolados pela miríade de trabalhos escolares em série, copiados pura e simplesmente da internet. Da parte dos docentes, há o questionamento quanto à falta de vontade de aprender dos alunos, assim como uma sensação de perturbação frente a desfaçatez com que realizam cópias de trabalhos – que representam esforços alheios – sem sequer compreender o que estão copiando.

Mas os estudantes devem saber que plágio é crime tipificado em lei. E pior que copiar é apresentar cópias indiscriminadas de materiais sem um mínimo critério de julgamento. Aparentemente, uma vez na rede, qualquer artigo é considerado completo e definitivo, independente de sua real qualidade.

Neste cenário tão novo e instigante quanto desafiador, é necessária uma nova postura dos educadores. É indispensável respeitar a legislação, mas as mudanças de costumes exigem flexibilidade, porque aprender a pensar exige tempo e dedicação, mas aprender a ensinar a pensar, exige muito mais. Wanda Camargo é presidente da Comissão Central do Processo Seletivo da UniBrasil (Faculdades Integradas do Brasil).

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