Estava mais ou menos distraído quando, de repente, me vi diante de uma palavra que me derrubou: "morfema!" Que diabo seria isso? Com alguns livros publicados, reeditados, traduzidos e devidamente espinafrados pelas cultas gentes, teria a obrigação elementar de saber o que era morfema.
Pelo som da palavra, pensei em morfeia, em morféticos, em coisas assim, mas não fazia sentido com a frase que estava lendo. Quando sofro um assomo de sabedoria e me considero razoavelmente informado, costumo ler bulas de remédio para sentir a humilhação de não entender nada do que estou lendo.
O morfema não estava numa bula de remédio, mas em texto erudito de um crítico literário. Não tive outro jeito. Fui ao Aurélio, na esperança de saber o que era, o que podia ser, o que fazia um morfema na complicada faina do saber.
"Morfema elemento que confere o aspecto gramatical ao semantema, relacionando-o na oração e delimitando a função e significado. (Pode ser dependente (afixo, desinências, etc.) e independente (preposição, conjunção etc.)"
Tremi em minhas bases. Fiquei sabendo mais ou menos o que era morfema, mas ampliei minha ignorância ao deparar com a palavra "semantema". Era mais desafiadora do que o próprio morfema, que, aliás, tem palavras parecidas. O remédio era ir ao dicionário outra vez e como o Aurélio me pareceu muito simples, preferi o Houaiss, que é mais extenso e complicado.
Por Júpiter! Só de pegar o volumoso dicionário, editado pelo Roberto Feith, percebi que ficaria melhor se continuasse ignorando o que era semantema. Para quem não ficou sabendo o que era morfema, nada mais podia me interessar. Apesar disso, meu amigo e companheiro Evanildo Bechara teve a paciência de mitigar minha ignorância.
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