É tão indigente o nível do debate público no Brasil que um jornal do porte da Folha de S. Paulo se vê compelido a dizer o que, em outro país, seria tratado como a quintessência do óbvio.

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Refiro-me ao trecho do editorial de 20/5 sobre a CPI da Petrobras, que afirma que "nenhuma empresa que atue no Brasil, quanto menos uma estatal da importância da Petrobras, está imune a investigação parlamentar".

O inacreditável é que há um punhado de governistas, até com responsabilidades ministeriais, que nega o óbvio e jura que investigar a Petrobras é crime de lesa-pátria.

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Se uma empresa, qualquer que seja, não resiste a uma auditoria externa, como é uma CPI, é melhor mesmo que feche, porque está escondendo algo de podre.

É óbvio que a oposição também revela sua cota de indigência ao empenhar-se em uma investigação que não figura entre as 50 grandes prioridades da pátria. Mas haveria mil argumentos para contestar a CPI sem cair na suposição de inimputabilidade da Petrobras.

Outro governista que revela pobreza incrível de argumentação é o presidente do Senado, José Sarney, na carta em que procura rebater a irrebatível coluna de Luiz Fernando Vianna sobre o Maranhão. Diz Sarney que "alguns índices sociais (do Maranhão) são péssimos, mas iguais ou melhores do que os de favelas em São Paulo e no Rio".

Meu Deus do céu, se tudo o que há para festejar no reinado da família no Maranhão é a sua transformação em uma imensa favela, não é melhor ficar quieto?

Note-se que é argumento de político com vastíssima quilometragem rodada e que já ocupou todos os cargos eletivos relevantes no estado e no país, além de escritor guindado à Academia Brasileira de Letras. Se esse é seu nível de argumentação, poupem-me das teses do chamado baixo clero.

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Clóvis Rossi é jornalista.