Rio de Janeiro Chega a ser monótono: em vésperas de Copa do Mundo, o Brasil tem 180 milhões de técnicos de futebol (o número exato varia de acordo com o aumento da população). Cada qual tem o seu time e sua tática de jogo. A abundância de técnicos não prejudica, pelo contrário, tem dado certo: somos pentacampeões.
Seria exagero dizer, a propósito da visita de Bento XVI, que somos 180 milhões de papas, cada qual com uma visão doutrinária e pragmática mais de acordo com a realidade do tempo e das bossas novas que se sucedem, modernizando gostos e comportamentos.
Nunca tentei ser técnico de futebol, aceito de má vontade aqueles que a CBF indica, torço moderadamente por eles, mas nunca tive a audácia de escalar um time ideal. O mesmo não acontece com o papado. Fui seminarista, e tinha uma tia carola que me via padre, bispo, cardeal e papa. Evidente que as minhas possibilidades eram remotíssimas, nem a padre cheguei, fiquei agnóstico aos 20 anos e passei a me preocupar com outras coisas mais ligadas ao diabo, ao mundo e à carne, que, pela voz dos meus padrinhos, eu jurara renunciar quando fui batizado, aos dois meses de idade.
De qualquer maneira, admiro todos aqueles que pretendem ensinar o pai-nosso ao vigário de plantão. Uns pelos outros, repetem os mesmíssimos conselhos, detentores que são do mapa da mina que resolve todos os problemas, não apenas do catolicismo, mas da humanidade em geral.
É lastimável que só haja um papa, ainda mais conservador, comprometido com uma doutrina de trevas, em confronto com o mundo moderno e suas conquistas. Se, por um absurdo da história e da minha biografia, eu chegasse a papa, contrataria um instituto de pesquisa para saber o que deveria pensar e ensinar.
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