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Perguntaram a um amigo meu: "É verdade que você se casou com uma negra?" Ele respondeu: "Não. Eu me casei com uma mulher". Penso nele sempre que ouço ou leio quando se referem a Barack Obama como "presidente negro".

A mídia tinha motivos quando, no início da campanha, informava que o candidato democrata era filho de uma norte-americana e de um queniano, ou seja, era um afro-americano. Insistiu muito no detalhe, uma vez que era geral a quase certeza de que os Estados Unidos jamais elegeriam um negro para presidente da República.

Bem verdade que, apesar da segregação racial que dominou naquele país até os anos 70, muitos negros se elegeram prefeitos ou governadores e foram nomeados para cargos importantes no cenário mundial, como o general Colin Powell e Condolezza Rice. Sem falar no enorme e brilhante escalão de artistas e atletas que ocuparam e ocupam o pódio do interesse popular.

Acho que todos estão suficientemente convencidos da origem de Barack Obama, não vejo necessidade da informação suplementar e constante de que se trata de um negro. Como não há necessidade de acentuar o fato de Bento 16 ser um alemão. Um é o papa, outro será o presidente dos Estados Unidos. Basta.

Na virada do ano 2000, respondi a uma enquete sobre a personalidade mais importante do século 20. Votei em Martin Luther King, apesar da sua conturbada vida sexual.

É natural que Obama, durante seu mandato, seja criticado por isso ou aquilo. Mas não pelo fato de ser descendente de um africano. Não há razão para lembrarmos todos os dias a raça a que ele pertence. Devemos esquecer sua origem e atentarmos apenas para o que ele fará ou deixará de fazer. Os norte-americanos não votaram num negro. Votaram num homem.

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