Li reclamações na mídia sobre a visita do presidente francês ao Brasil. Os resmungões de sempre (entre os quais o cronista) chegaram a chamá-lo de caixeiro-viajante, um mascate que vai com sua mala cheia de novidades às regiões distanciadas do consumo, levando artigos de armarinho que não chegam lá.

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Não chega a ser novidade. Na década de 1920, quando veio o rei Alberto, da Bélgica, entendidos descobriram que o descendente da rainha Vitória representava um grupo econômico que servia de fachada do Comitê des Forges, e o resultado foi a criação da Belgo Mineira.

São muitos e variados os exemplos dos mascates que aqui chegam com seus produtos, em alguns casos, simples bugigangas. Evidente que não foi o caso do presidente Sarkozy. Ele veio com submarinos e tecnologia nuclear para vender, além de uma bela primeira-dama que deu trabalho aos fotógrafos que fizeram plantão na calçada do Copacabana Palace.

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A verdade é que os chefes de Estado há muito se transformaram em representantes de ponta das grandes empresas de seus países. Se ganhassem comissões pelos acordos feitos, na base dos 10% ou dos 20% em suas viagens, seriam os executivos mais bem pagos do mundo. Ganhariam uma baba.

Bem verdade que Sarkozy teve uma espécie de comissão pessoal nessa visita. Aproveitou a viagem de negócios para passar uns dias no litoral baiano, apreciando a bela paisagem acrescida com a presença de sua jovem e recente esposa: ninguém é de ferro.

Lá na França, a oposição reclamou da ausência do seu presidente em época de crise mundial, justo no momento das festas natalinas. Acontece que Sarkozy já deve estar de saco cheio de ver a torre Eiffel iluminada e preferiu ver o luminoso sol da Bahia.