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RIO DE JANEIRO – Conto mais uma vez a história daquele tenor que foi vaiado na primeira ária de uma ópera complicada. Como a platéia não o deixava cantar, saiu-se com esta: "Vocês ainda não viram nada. Esperem pelo barítono!".

Lembro a piada por causa da onda de violência que varreu São Paulo e cujas seqüelas ainda não terminaram. Dentro da estúpida rivalidade existente entre Rio e São Paulo, é lamentável que alguns cariocas estejam gozando a caveira paulista, que, por sinal, sempre que pode, goza a caveira aqui do Rio, não apenas no futebol mas nos índices de violência urbana.

Não se perde nada por esperar. Os cruéis acontecimentos em São Paulo envergonharam o Brasil e a todos nós, brasileiros. A gozação, além de estúpida, é mal-informada. Os criminosos da nossa maior cidade, embora não tivessem este intuito, mostraram o mapa da mina para seus equivalentes aqui do Rio.

Eles conseguiram se concentrar numa frente ampla, reunindo todas as suas facções numa central do crime organizado. Temos no Rio o crime também organizado, mas não centralizado. Pelo contrário: as facções se combatem umas às outras, e a polícia (vale dizer, o Estado) fica no meio de dois fogos.

O exemplo paulista, mais cedo ou mais tarde, será copiado pelos diversos bandos de traficantes da droga e das armas. Evidentemente, tal como em São Paulo, contando com apreciável ajuda dos elementos corruptos que sabemos existir nas duas polícias, a Civil e a Militar.

Não entendo. Pelo contrário, lastimo esse tipo de gozação indecente e boçal que alguns cariocas estão praticando, achando que o Rio está ou estará imune a uma tragédia igual.

O barítono vai entrar em cena, talvez mais cedo do que se espera.

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