Rio de Janeiro Discordando mais uma vez da maioria dos analistas de política e de variedades, considerei mais do que positivas as confusas declarações do Sílvio Pereira na CPI dos Bingos. A confusão foi dupla: do depoente e da própria comissão que apura as confusões dos bingos, e não a corrupção em si, a do PT e a do governo. No fundo, tudo dá na mesma. Ficou claro o chassi que enlameou a vida pública.
Eliminando a enxurrada de contradições e mentiras do ex-secretário-geral do PT, depreende-se que houve dois níveis na corrupção: a operacional e a política. A primeira (Marcos Valério, Delúbio e o próprio Sílvio) funcionou como executiva, cumprindo uma programação ditada e fiscalizada pela cúpula política, esta, sim, a verdadeira responsável por tudo o que houve em matéria de corrupção.
Foram peões funcionando num tabuleiro em que o rei, a rainha, os bispos e os cavalos operavam para obter o tal bilhão que garantiria ao partido os tais 20 anos de poder.
No nível político, Sílvio disse mais ou menos o que todos sabíamos. Operavam neste patamar o presidente da República, seu ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, Luiz Gushiken, o ex-presidente do partido (José Genoíno) e o senador Aloízio Mercadante. Acontece que este último não tinha nem tem caneta para assinar nada, sua atividade é limitada ao Senado e ao campo político. Se for eleito governador de São Paulo, aí, sim, terá uma caneta mas não acredito que, pelo seu passado, ele entre numa fria como entrou José Genoíno, outro que tem um passado, mas ganhou a caneta como presidente do partido e deveria estar bem informado sobre as tratantadas do grupo executivo que estava a ele subordinado.
Inegável, neste nível político que orientava e aprovava as tramóias executivas, a presença de Lula e de José Dirceu. Eles afirmam que nada sabiam, nada mandavam, nada chegava até eles. Aqui, ó!
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