Rio de Janeiro Assistiu 82 vezes a "Os Brutos também Amam" ("Shane"), visitou quatro vezes as locações da obra de George Stevens, trouxe pedras e poeira de lá, tem uma cópia do filme em que enxertou uma cena na qual ele aparece no duelo final avisando a Alan Ladd que Jack Palance vai matá-lo.
Tinha um time de futebol de botão que em véspera de jogo importante ele colocava em cima do armário. Era a concentração "na montanha", para que os botões tivessem oxigênio puro e renovado. Quando botava o time em campo, havia a trilha musical "Na Cadência do Samba" ("Que bonito é"), a mesma gravação de Waldir Calmon que acompanhava os flashes de futebol do Carlinhos Niemeyer que então passava nos cinemas.
Um dia, pegou a filmadora e fez dois vídeos, um com Jean-Paul Sartre, outro com Martin Heidegger, filósofo de sua predileção, dos quais deixou ensaios e uma tradução de "O Ser e o Nada".
Foi durante anos programador dos filmes da Rede Globo e, nas horas vagas, escreveu "Anatomia de uma Derrota", sobre a final do Campeonato do Mundo de 1950, que se tornara uma de suas obsessões existenciais.
Crítico de cinema dos mais respeitados, escreveu em Manchete, O Globo e JB. Seus ídolos eram os já citados George Stevens, Sartre, Heidegger e Ademir da Guia, deste último tornou-se amigo pessoal.
Assim foi Paulo Perdigão, que morreu no último dia do ano passado, deixando um vazio em seus amigos e admiradores. Acompanhei sua carreira desde os tempos em que trabalhávamos no Correio da Manhã e Paulo despontava como um dos jovens mais brilhantes de sua geração.
Era um personagem que o Justino Martins, diretor de Manchete, classificaria de "fascinante".
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