Três semanas na China e no Japão não é tempo suficiente sequer para uma impressão, mas para quem, em matéria de oriente, só tinha ido a Niterói (que fica na parte oriental da baía da Guanabara), foi bastante para um certo deslumbramento provinciano, subdesenvolvido.

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Não vou deitar a sabedoria que não tenho em matéria de China, como, aliás, não tenho sabedoria nenhuma sobre nenhum outro assunto. Mas, que diabo, não nasci ontem e conheço pelo menos quase todo o mundo ocidental.

Para dizer o menos, a China é um troço. Um Nordeste que deu certo e ameaça dar mais certo ainda. Com a maior população do planeta, crescendo 9% ao ano, adotando um comunismo light e um capitalismo de resultados, a China tem tudo para se tornar a superpotência do novo século.

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Só um detalhe: a silhueta urbana de Xangai, por exemplo, coloca a silhueta de Nova York, símbolo da arquitetura vertical que substituiu os cinquièmes europeus do final do século 19, como uma silhueta datada, século 20. O novo, o surpreendente, é a Xangai, é a Pequim de hoje, não muito longe da Grande Muralha e da Cidade Proibida do milenar passado chinês.

Lembro a marchinha que Lauro Borges gravou num carnaval antigo: "Eu já li no leque de um mandarim que pé de moleque já não leva amendoim". É isso aí. Teremos muita coisa a ler no leque dos herdeiros dos velhos mandarins, ensinando-nos coisas novas e contrárias ao nosso cartesiano saber ocidental.

Perdoem o tom deslumbrado da crônica, mas desde criança sou louco por pé de moleque com bastante amendoim. Não custa esperar que algum bem-intencionado me ensine a fazer um pé de moleque sem amendoim.

Estou realmente entrando num mundo novo e inesperado.