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Publiquei há tempos, neste mesmo espaço, crônica com este título: ‘Dinheiro não tem cheiro’. Explico a citação: para impedir sujeira nas ruas de Roma, Vespasiano mandou construir mictórios públicos que receberam o nome do imperador. Para compensar o investimento, taxou os vespasianos – até hoje existem alguns no centro histórico da cidade. Seu filho reclamou: achou que era demais cobrar impostos de uma necessidade pública. Vespasiano pronunciou então a frase que se tornou famosa: ‘Pecunia non olet’.

No carnaval que passou, com a simpática volta dos blocos de rua, alguns deles com quase um milhão de foliões (caso do Bola Preta, que desfilou na Rio Branco), surgiu um problema que pegou autoridades desprevenidas: as ruas, muros, árvores e postes foram transformados em banheiros ao ar livre. O combustível de um bloco carnavalesco é a cerveja, agradável bebida que tem efeito diurético.

Nas grandes cervejarias de Munique havia, pelo menos até certo tempo, dispositivos nas mesas de chope que aliviavam a necessidade sem que o freguês procurasse o banheiro: desapertava-se sem sair do lugar. Não chegamos a esse ponto de civilização.

Na verdade, pelo menos aqui no Rio, é cada vez maior o número de pessoas que cumprem a função em qualquer lugar público. Os historiadores contam que dom João XI, que nos trouxe a biblioteca nacional, as palmeiras do Jardim Botânico e outros benefícios urbanos, quando ia para Santa Cruz, mandava parar a carruagem e fazia suas necessidades. Consta que seu filho, ao dar o grito de independência e morte, deixou sua montaria e foi poluir as margens plácidas do Ipiranga.

Vespasiano e Pedro I foram imperadores. Em tempos republicanos, o problema ainda não foi resolvido.

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