Rio de Janeiro O pessoal que trabalha na mídia está sendo lembrado de algumas das disposições da complicadíssima Lei Eleitoral que vigorará para o próximo pleito e cujo chute inicial será no primeiro dia de julho. Como todos os outros profissionais da mídia, recebi as instruções que deverão me guiar nos comentários que aqui fizer, não apenas no jornal, mas no rádio e na tevê. São recomendações óbvias, como a de não manifestar preferência por determinado candidato.
No meu caso pessoal, a advertência é desnecessária, não tenho preferência por qualquer candidato, não votarei em nenhum deles, sejam quais forem os que se apresentarem até a hora da onça beber água. Não defendo o voto nulo para os outros, não defendo o voto nulo nem para mim mesmo. Apenas não voto um direito meu do qual não abdico.
Nas instruções há um exagero, digamos, politicamente correto. Pede "cuidado com os adjetivos e ironias". Fica difícil deixar de adjetivar os candidatos, que são substantivos e, na maioria das vezes, merecem ser adjetivados para o bem ou para o mal. Quanto à ironia, será impossível a um cronista, articulista ou colunista (eu me considero cronista, e não colunista) passar três meses de grande agitação na seara política sem pingar alguma gozação motivo haverá, e muitos. Os candidatos terão uma exibição na mídia que ocupará o espaço que agora damos aos jogadores da seleção nacional.
Em eleição passada, uma candidata processou uma jornalista que a chamou de "quatrocentona". Não vejo ofensa alguma na classificação. Fico em dúvida se poderemos lembrar que um candidato elogiou o chuchu e outro é chegado a uma pinga de boa procedência.
Tá certo. Não rolarão adjetivos e ironias na cobertura da campanha. Mas dinheiro suspeito rolará, como sempre.
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