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Mania recente obriga os oradores e comunicadores em geral a citar, no início de suas falas ou discursos, o indefectível "brasileiros e brasileiras". Nas reuniões especializadas, a expressão muda para doutoras e doutores, acadêmicos e acadêmicas, professores e professoras, eleitores e eleitoras – e por aí vai.

Fez parte das conquistas atribuídas à campanha do feminismo mais desvairado. As mulheres querem ser citadas, e não englobadas genericamente no masculino tradicional. No cristianismo, durante séculos, elas não se sentiam rejeitadas. Nem quando Bach, por exemplo, deu a uma de suas peças mais famosas o nome de "Jesus, alegria dos homens". Nem sobre a expressão aceita universalmente entre os católicos, "Jesus salvador dos homens", JHS para os íntimos.

Nos circos, com a sabedoria da tradição, prevalece a forma ambígua do "respeitável público", que junta homens e mulheres no mesmo saco, sem distinção ou prioridade. Ninguém fica ofendido, ainda mais porque todos se consideram respeitáveis.

Não sei qual foi o político que por primeiro usou a expressão "brasileiros e brasileiras". Cheira a Brizola, mas talvez tenha sido criada por Sarney, Collor ou Ulysses Guimarães. Hoje, todos usam a distinção de gênero, como se a humanidade fosse constituída de dois seres especiais e estanques, quando na realidade a própria palavra (humanidade) lembra a raiz comum de todos nós: a condição humana, e não a condição humana e feminina. Exceção notável: acabaram-se as poetisas, todos agora são poetas.

Nos shows, com plateia mais descomprometida, é tradicional o "senhoras e senhores". Prefiro o elegante "respeitável público" dos circos, é o único lugar onde todos ficamos realmente iguais como quer a Constituição.

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