Mais uma eleição em nível municipal. Não deixa de ser uma festa toda vez que o cidadão exerce o seu direito de votar. Não sou exatamente um devoto da forma pela qual são escolhidos os representantes do povo, espero que a criatividade do gênio humano descubra um sistema democrático que supere os trancos e barrancos do financiamento das campanhas eleitorais ponto de partida e de chegada dos mil acidentes da nossa vida pública.
Quero apenas lembrar a primeira eleição na qual tive o direito de votar. O Estado Novo havia desmoronado e os cidadãos foram convocados a formar as câmaras de vereadores que substituiriam os antigos conselhos municipais.
Aqui no Rio, foram eleitos como edis (um pseudônimo erudito de vereador), gente da pesada, inclusive alguns nomes que já estavam na história do Brasil, como João Alberto Lins e Barros, que fora interventor em São Paulo, Agildo Barata, ambos do grupo de tenentes que havia feito a revolução de 30.
E havia muitos que fariam história a partir desta primeira eleição pós-ditadura: Carlos Lacerda, Adauto Lúcio Cardoso, Napoleão Alencastro Guimarães, Osório Borba, Aparício Torelly (Barão de Itararé), Otávio Brandão, Ary Barroso, Gama Filho, o poeta Jorge de Lima, que estava dando o toque final em sua "Invenção de Orfeu".
Não cito esses nomes para forçar uma comparação com os atuais candidatos. Os tempos eram outros, uma longa ditadura se esboroara e aquilo que foi chamado de "banquete democrático" motivou pretendentes de alto coturno. O hábito parece que banalizou a disputa eleitoral mais próxima do cidadão que nasce, vive e morre num município.
Volto a repetir: hoje é um dia de festa. Que tudo corra bem e haja outras para todo o sempre.