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Concordo cordialmente que a situação não está boa, com a crise mundial, o desemprego, a falta de segurança, os escândalos generalizados e impunes, o calor deste verão. Mesmo assim, fico espantado com o tom apocalíptico da mídia. Manchetes e chamadas nos jornais e TVs avisam que o mundo desaba, a economia despenca, a humanidade está numa unidade de terapia intensiva, em estado terminal.

Lembro Mário Filho, dono do antigo Jornal dos Sports, que, após um clássico do Campeonato Carioca, mandou parar uma edição cuja manchete era ‘Vasco destroçado’. A explicação dada à redação foi simples: um clube como o Vasco pode perder uma partida ou um campeonato, mas isso não o destroça.

A tendência da mídia é exagerar, apelando para catástrofes, armagedons, o diabo. Tive algumas experiências pessoais. Fui despachado para cobrir uma tragédia na Argentina quando os militares de lá depuseram e prenderam o presidente Arturo Frondizi. Jornais de todo o mundo falavam que Buenos Aires estava em guerra, fome, horror e morte. Na primeira noite, fui a uma boate, El Tronio, estava cheia de gente que dançava e bebia.

Mais tarde, fui ao Cairo, que estaria pegando fogo com a assinatura da paz em separado entre o Egito e Israel. A primeira reportagem que mandei para o Rio foi o espetáculo de som e de luz nas pirâmides, com nada menos que Frank Sinatra contemplado por 4.000 anos de história.

Em Roma, fui assuntar a eleição de 1976 em que os comunistas tomariam o poder dos democratas cristãos. Jornais dos Estados Unidos anunciavam a possibilidade de uma terceira guerra mundial. Tirante um incêndio casual no cine Barberini, na praça homônima, nunca a doce vida romana esteve tão doce.

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