Rio de Janeiro A direção de um colégio mandou instalar câmeras de tevê nos banheiros do estabelecimento. O motivo seria o de impedir atos de vandalismo, muito comuns em escolas, aeroportos, cinemas e outros locais públicos. De quebra, amplia a fiscalização do uso de drogas e atos ditos indecorosos.
Ao ler a notícia, lembrei uma das obras-primas de Chaplin, "Tempos Modernos", de 1936, em que o operário estressado na esteira de produção, apertando parafusos, vai ao banheiro para interromper por alguns minutos a vertiginosa loucura da fábrica. Passados alguns segundos, aparece na parede do banheiro, numa tela de tevê do tamanho de uma tela de cinema, nada menos do que o gerente, que ordena ao operário a volta imediata ao trabalho.
Chaplin preconizou o "Big Brother" de George Orwell, mostrando que, nos tempos modernos, a privacidade de todos nós seria invadida pela tecnologia e pelos interesses da produção política, cultural, econômica e industrial.
Não apenas nas fábricas e escolas está havendo a invasão da privacidade. Em nome da segurança, lojas, bancos, edifícios de apartamentos estão sendo monitorados pelo olhar eletrônico de câmeras sofisticadas, que, em alguns casos, ajudam a identificar criminosos e suspeitos.
No fundo, é um problema de custo e beneficio. Para termos um pouco mais de segurança e de respeito aos bens públicos, somos obrigados a aceitar a invasão de um pedaço de nossa intimidade.
Em breve, ao nascer, uma criança terá enxertado em seu pequenino corpo um chip que controlará, via satélite, todos os movimentos que ela fizer até o fim de sua vida. E não apenas os movimentos, mas os pensamentos, as dúvidas, os recalques e as intenções. A humanidade será robotizada em nome da eficiência e da segurança. Não há dúvida: vivemos tempos modernos.
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