Acabaram com o Dia da Raça, mas o Dia da Pátria continua, apesar de ter alguma coisa de estranho, como o desfile militar compacto, com cavalarianos, canhões, bazucas e veteranos (cada vez mais raros) da Força Expedicionária
Rio de Janeiro Amanhã é Dia da Pátria. Tudo bem, todo mundo merece ter uma pátria e, por bem ou por mal, todos os dias são dela. Mas já tivemos aqui no Brasil o Dia da Raça, uma estupidez bolada pelo Estado Novo, pelos intelectuais da situação que o explicavam, não por Vargas, que no fundo detestava dar ou receber explicações. A propósito do que poderia ser a raça brasileira, aprendi com o embaixador e acadêmico Alberto da Costa e Silva que no submundo dos falsários internacionais o passaporte brasileiro é o mais valorizado, custa cinco vezes mais do que o passaporte holandês ou o japonês. Motivo: qualquer foto de qualquer um pode ser colocada no lugar da foto original, louro, albino, pardo, negro, amarelo, dolicocéfalo ou não, indivíduos de qualquer raça podem passar por brasileiros e vice-versa, nossa raça é como a Casa do Pai de que Cristo falava: tem muitas moradas.
Outro embaixador, Jayme Azevedo Rodrigues, que viveu parte de sua vida lá fora, dizia que a melhor maneira de identificar um conterrâneo em andanças no exterior não era pelo passaporte, pela indumentária ou mesmo pela pronúncia de qualquer outra língua. Bastava observá-lo. Se de repente, coçasse certa parte de seu corpo, tratava-se de um brasileiro.
Por extravagante, acabaram com o Dia da Raça, mas o Dia da Pátria continua, apesar de ter alguma coisa de estranho, como o desfile militar compacto, com cavalarianos, canhões, bazucas e veteranos (cada vez mais raros) da Força Expedicionária cantada com vigor pelo Joel Silveira, que morreu há pouco. Nem ele assistirá à parada.
Durante os regimes totalitários que tivemos, o do Estado Novo e o do Movimento de 1964, o Dia da Pátria tornava-se um evento militar ou militarizado.
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