Rio de Janeiro Organizada por Heloísa Seixas, uma coletânea de sessenta artigos sobre cinema confirma Ruy Castro como um grande biógrafo de pessoas e fatos. Entre as pessoas, é obrigatória a citação das biografias de Nelson Rodrigues, Garrincha e, mais recentemente, Carmem Miranda; entre fatos, a Bossa Nova, as lendas e mitos de Ipanema etc., etc.
"Um filme é para sempre", seu último livro, é a biografia de dezenas de atos e fatos do cinema internacional. Ele não se limita, como os críticos convencionais, a resumir o enredo e a avaliar qualidades e defeitos das obras cinematográficas, acrescentando a ficha técnica de cada um.
Ruy trata cada filme, cada ator, diretor e produtor como se fosse um personagem com gestação, nascimento, vida, paixão e, em alguns casos, morte. Ele não se limita a opinar ou a informar, coloca tudo dentro do contexto e das circunstâncias de sua época, tornando cada um dos artigos uma resenha completa do cinema como um todo.
Ao lado de Antônio Moniz Vianna, José Lino Grünewald e Paulo Emílio de Sales Gomes, ele se fixa entre os grandes críticos do cinema de todos os tempos, com a vantagem de conhecer como poucos a música popular norte-americana, tornando seus comentários mais completos e definitivos.
A atual coletânea tem pontos altos como o ensaio sobre Busby Berkeley, o homem que fez a Depressão rebolar; John Wayne enterrado junto com o western; o "Terceiro Homem"; e o gostoso ensaio sobre a Geração Paissandu.
No exemplar que me enviou, Ruy colocou uma dedicatória dizendo que "Victor Mature também é cultura!" Concordo. Tudo que passa pela mão de Ruy se transforma em objeto de cultura e, graças ao seu estilo inconfundível, objeto também de prazer.
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