Rio de Janeiro – Como sempre acontece nas tragédias, é vasto o acervo de imagens divulgadas pelos jornais, revistas e tevês nos últimos dias. Cenas dramáticas de parentes dos passageiros esperando por notícias, bombeiros resgatando corpos carbonizados, a seqüência de fotos das vítimas, a maioria delas sorrindo, em momento bom da vida – fica difícil a um editor escolher uma delas como logomarca do acidente na semana passada.

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Na segunda-feira, após uma chuva que apesar de forte estava longe de ser um dilúvio definitivo, o barranco que sustenta as pistas do aeroporto de Congonhas começou a desabar. Providenciaram uma lona para proteger o terreno. Uma chuva mais forte e persistente pode fazer a pista inteira afundar.

Usuário freqüente daquele aeroporto, sempre cismei com aquele platô artificial no qual foi construído o aeroporto, transformando-o numa espécie de porta-aviões em deque seco.

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De ambos os lados da pista, quando os aparelhos manobram para decolar, os passageiros têm a sensação de que um vento mais forte pode jogar as chamadas "aeronaves" lá embaixo.

Além da precariedade do solo, proveniente de um aterro, não há espaço para as emergências de pouso e decolagem. Com o atual volume do tráfego aéreo, de há muito Congonhas devia estar interditado e um terceiro aeroporto em São Paulo já deveria estar em funcionamento, embora contrariando as companhias aéreas e a maioria dos passageiros que trocam a segurança pelo conforto de chegar ou sair próximos do centro da cidade.

Cético por natureza, não acredito que nenhuma das medidas anunciadas por Lula sejam executadas. O máximo que as autoridades poderão fazer é colocar uma lona em cima, não para proteger as pistas, mas para esconder o desastre.