Rio de Janeiro – Desde criança estranho qualquer tipo de sigla. Sei que são necessárias e práticas, reduzem qualquer conceito ou fato a poucas letras. Lá atrás, em respeito ao nome de Deus, os judeus criaram a primeira sigla, que foi Javé, uma combinação cabalística de conceitos cuja soma se refere a Adonai, o Senhor.

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Não entendo línguas orientais, mas sei que os criptogramas funcionam mais ou menos como siglas, determinado sinal significa uma árvore, a repetição do mesmo sinal significando floresta.

Fiquei pasmo quando me explicaram que SOS, que eu sabia ser o pedido de socorro, significava "save our soul" (salve nossa alma). Em princípio, quem pede socorro quer salvar a pele, e não exatamente a alma. Seria o "save our skin".

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A tecnologia, em seus diferentes estágios, inundou o mercado com siglas complicadíssimas. Ler o placar de uma Bolsa de Valores ou a rota de um avião que vai de um lugar a outro é topar com uma sucessão de siglas esotéricas, algumas impronunciáveis, porque não têm vogais.

Louvemos a aids, que pode ser dita, o SUS, que é quase uma variação do SOS, e outras poucas que entram fácil pelo ouvido e pela compreensão. Daí a precariedade dos dicionários, que não podem acompanhar a velocidade com que são criadas as siglas que participam do nosso cotidiano.

VHS, DVD, MPB, TPM, PTA, PAC – poderia encher milhares de páginas citando milhares de siglas. Os manuais de redação dos jornais tentam disciplinar o uso ou o abuso desse recurso, que, afinal, procura poupar tempo e espaço na comunicação oral ou escrita.

Um dia, chegaremos à simplificação máxima do MTYJ – "me, Tarzan, you, Jane". Em matéria de linguagem, atingiremos o topo e poderemos ir definitivamente para a UTI da palavra.