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Rio de Janeiro – Os pessimistas, como eu, acreditando que de hora em hora Deus piora, não ficaram surpreendidos com o resultado da votação de ontem que absolveu o presidente do Senado do crime de uma corrupção mais do que provada – e comprovada inclusive pela Comissão de Ética do próprio Senado.

Se houvesse alguma lógica – e alguma vergonha – na vida pública nacional como um todo (sem contar as exceções de praxe), a citada Comissão de Ética deveria se dissolver pela inutilidade de sua função. E o próprio Senado deveria rever a sua utilidade institucional, tornando-se, como se tornou, um anexo do Poder Executivo e um acréscimo dispensável do Legislativo.

Fiel ao meu pessimismo, acredito que os outros processos que ficaram dependendo da aprovação secreta do Senado terão destino análogo ou idêntico, absolvendo o seu presidente das irregularidades morais e policiais que pesam contra ele. O episódio de ontem é a manifestação da truculência de um governo que não tem nenhum escrúpulo em manter o seu dispositivo de força. Mal comparando, com a força militar do regime que acabou em 1985.

O diferencial de uma força para outra é o grau de hipocrisia, que era bem menor no tempo dos militares, que geralmente assumiam o "que" e o "como" faziam. No governo petista e de seus aliados circunstanciais, o discurso ostensivo é pela moralidade, com a qual combatiam governos anteriores. Por baixo do pano e por cima das conveniências, predomina a necessidade de manter um grupo no poder por 20 ou mais anos. Para isso, é necessário ter um Senado – e também uma Câmara – desmoralizado. A tática empregada no mensalão para comprar apoios revelou-se escandalosa demais. A vergonha pode parecer mais discreta.

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