A mitologia criada pela esquerda sobre a história brasileira está atingindo o paroxismo com a chegada dos 50 anos da Revolução de 1964. Trata-se o período dos governos militares como se o Brasil houvesse subitamente sido tomado por uma força maligna sem motivo algum, como se o Brasil também não estivesse inserido no contexto internacional da Guerra Fria. A autoritária intervenção militar livrou-nos, em 1964, de uma ditadura totalitária e genocida.
Vale a pena lembrar alguns fatos sobre as circunstâncias.
O comunismo internacional estava no auge de sua guerra contra o mundo livre. Desde os brutais massacres de padres e freiras na Guerra Civil Espanhola, as tentativas comunistas de tomar o poder revelavam-se cada vez mais brutais. No Vietnã, a guerrilha comunista já expulsara os franceses e estava prestes a entrar em combate com os americanos, que também expulsaria, entregando-se então a uma orgia genocida contra seus próprios cidadãos. Na China, o "Grande Salto à Frente" de Mao Tsé-tung matara de fome mais de 40 milhões de chineses. A União Soviética dominava com punho de ferro toda a Europa Oriental, tendo em Cuba um posto avançado para a conquista do Novo Mundo.
Não se tratava de um perigo hipotético, um artifício de retórica ou paranoia política: havia realmente uma ameaça comunista, fartamente financiada e apoiada pelas superpotências então dominadas por essa ideologia assassina. Dentro do território brasileiro, estavam em ação tanto grupos armados, treinados e aparelhados pela União Soviética e por Cuba, quanto o que é muito mais importante agitadores e agentes de influência a serviço de Moscou, espalhados pelo Estado e pela mídia. Um presidente fraco, que chegara ao poder por vias transversas, preparava-se para entregar o Brasil àqueles que alegremente sacrificavam enormes parcelas de suas próprias populações no Camboja, um terço da população foi assassinado pelo regime comunista, poucos anos depois.
A compreensível mobilização popular pela liberdade, levando a uma intervenção militar, contava em 64 com nomes que mais tarde estariam entre os maiores opositores dos últimos governos militares, como dom Paulo Evaristo Arns, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves. Isso não serve de desculpa para as barbaridades depois cometidas pelos militares, mas, por outro lado, se essa intervenção autoritária livrou o Brasil de algo ainda pior, há de se reconhecer esse mérito.
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