Poucas formas de violência conseguem ser tão perversas quanto o estupro. Nele, o ato que deveria ser o de união de um casal para a afirmação do amor geração de vida faz-se negação da dignidade feminina e humana, substituindo a acolhida amorosa de que só a mulher é capaz por uma invasão cega e doentia, numa horrenda violação do mais íntimo e mais sagrado da mulher. A força de que o homem dispõe para servir a mulher amada faz-se instrumento de dominação de uma mulher que não é nem sequer percebida como mulher, mas como coisa, como jarro a receber o prazer sádico do estuprador.
O estuprador é perverso desde a origem. Ele não quer amor. Ele não quer companheirismo. Ele não quer nem sequer uma mulher
Um estuprador é pior, muitíssimo pior que um ladrão; este, afinal, está buscando desordenadamente algo que poderia e deveria ser buscado de forma ordenada. Deveria trabalhar para ganhar dinheiro, não tirar dos outros o que não lhes pertence, mas não há nada de errado, por si, em querer ganhar dinheiro. O problema é o meio escolhido. Até mesmo, de uma certa maneira, um assassino, no mais das vezes, é alguém que age desordenadamente em busca de um fim que, por si, não é mau. É o caso, por exemplo, de muitas mulheres que, após longos anos de sofrimento nas mãos de um mau companheiro, acabam por atacá-lo mortalmente. Muitíssimo melhor teria sido não deixar a situação chegar a este ponto; o fim não justifica os meios, e não é lícito cometer um assassinato. Mas dá para entender.
Já o estuprador é perverso desde a origem. Ele não quer amor. Ele não quer companheirismo. Ele não quer nem sequer uma mulher. Ele quer uma boneca que grita, ele quer o prazer de ver nos olhos de sua vítima o terror que ele lhe causa. Enquanto o assassino quer matar uma pessoa, sem se dar conta de que ao matar uma pessoa ele mata toda a humanidade, o estuprador estupra não uma mulher, mas toda a feminilidade, que ele nega. E o faz sem perceber que, ao atacar toda a feminilidade naquela pessoa, ele a destroça e nega. Ela não é ninguém para ele, e a mulher, a feminilidade como um todo, é apenas objeto de escárnio e busca de dominação.
O estupro é o ódio à mulher expresso em ato obsceno.
Mesmo assim, os estupradores ainda têm aliados entre pessoas cujo ódio à vida é maior que o parco e ressequido interesse que ainda tenham pela feminilidade. É o caso dos abortistas que aqui e ali, para gáudio dos defensores midiáticos da cultura da morte, protestaram contra o PL 5.069, que faz da comunicação do estupro à polícia – sem a qual não pode haver investigação, sem a qual o estuprador certamente continuará a agir! – condição necessária para que não seja punido o aborto da pobre criança gerada nessas circunstâncias. Amam tanto a morte que preferem que não haja nem sequer investigação dos estupros... desde que possam matar mais bebês.
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