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Carlos Ramalhete

Falsos direitos

A máquina de vomitar mentiras da extrema-esquerda saiu da naftalina vomitando fogo (ou, antes, algo mais fedido e de origem intestinal) assim que Temer assumiu efetivamente a Presidência. A invenção mais comum é a de que ele iria acabar com o 13.º salário, o abono de férias, o FGTS e o INSS. Infelizmente não é verdade: todas essas formas de assalto ao bolso do trabalhador, sarcasticamente apelidadas de “direitos trabalhistas”, são asseguradas pela delirante Constituição de 1988. Um presidente em época de crise dificilmente conseguiria fazer algo a respeito.

Todos esses pseudodireitos, na verdade, são apenas variações do mesmo truque sujo: o dinheiro do trabalhador é retido por um tempo, para que alguém possa investi-lo e embolsar os lucros, e devolvido a ele apenas em alguma ocasião especial, como se fosse uma gentileza. Para o patrão, o 13.º salário e o famoso “terço constitucional” de férias fazem parte do que ele há de desembolsar ao longo do ano. Se alguém ganha R$ 1 mil por mês, mais esses “direitos”, o que se tem na verdade é um salário anual de R$ 13.333. Ou seja, um salário mensal de R$ 1.111, dos quais R$ 111 são obrigatoriamente retidos pelo patrão para que sejam devolvidos sem juros ao trabalhador apenas em datas festivas.

Praticamente metade do que cada trabalhador custa à firma é retida em benefício de outros

O FGTS e o INSS são a mesma coisa, com as agravantes de o dinheiro ser dado aos burocratas do governo e não haver previsão de devolução. Para evitar que o trabalhador gaste em besteiras tudo o que ganha, os burocratas arrancam quase metade do seu salário e só a devolvem em caso de desgraça. A vítima desse “direito” recebe, então, juros inferiores aos de uma caderneta de poupança.

O sistema de aposentadoria é um esquema falido. A pirâmide funcionou por alguns anos, enquanto a população crescia estavelmente, mas com o envelhecimento da população e o aumento da perspectiva de vida a chance de alguém que entrou há pouco no mercado de trabalho conseguir aposentar-se com uma quantia que lhe permita sobreviver é simplesmente nula. Zero. Até mesmo os já aposentados vêm tendo o poder de compra da pensão corroído pelos baixos reajustes até igualar-se ao salário mínimo, independentemente do valor contribuído ao longo da vida. E mesmo assim a chance de a aposentadoria deixar de ser paga nos próximos anos cresce a cada dia. Vários estados já estão com dificuldade de pagar seus funcionários aposentados e as condições do INSS não são em nada melhores, mormente após os dispêndios obscenos com que o PT sustentou as ditaduras que os agradam tanto.

É por isso que é tão difícil conseguir um emprego e os salários são tão baixos: praticamente metade do que cada trabalhador custa à firma é retida em benefício de outros. Quem dera isso acabasse!

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