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Carlos Ramalhete

Guerra às mães

Semana passada mostrei que uma mãe zangada com um chinelo na mão manda mais que qualquer político. Mencionei também a sede de poder dos políticos, que procuram negar o naturalíssimo e saudável poder das mães. Dois tristes casos na mídia exemplificam melhor que o que se poderia esperar esse triste fenômeno.

A menina paulista Sofia, de 3 anos de idade, e sua mãe Vitória estão abrigadas na embaixada brasileira na Noruega, tentando escapar de um governo enlouquecido. Quando os pais de Sofia decidiram separar-se, algum burocrata escandinavo resolveu arrancá-la dos braços da mãe e dá-la para adoção ou mantê-la em alguma instituição. Para evitar que sua filha lhe fosse tomada, a mãe refugiou-se na nossa embaixada. O pai, que não vê problema algum na volta da menina ao Brasil, está levando comida e brinquedos para a pequena.

Já na Inglaterra ocorreu algo ainda mais apavorante: uma senhora italiana, grávida, foi para lá fazer um curso pago pelo seu empregador. Ainda no aeroporto, ela se deu conta de haver perdido os passaportes das filhas, que haviam permanecido na Itália. Teve uma crise nervosa e, quando socorrida, informou aos atendentes que sofria de transtorno bipolar. Ela foi, então, internada e fortemente dopada, sendo então submetida a uma cesariana, evidentemente não autorizada por ela. Seu bebê, arrancado do seu ventre, está sob a custódia do Serviço Social inglês.

São histórias de pesadelo, que mostram os perigos do excesso de poder do Estado e de sua luta contra a família. A Inglaterra e a Noruega, países teoricamente civilizados, parecem firmemente decididas a seguir os passos da medonha ditadura argentina, tristemente famosa por dar em adoção a militares os filhos de seus opositores. Na Argentina, as Mães da Praça de Maio até hoje procuram identificar as crianças desviadas. Na Inglaterra e na Noruega, todavia, tudo parece normal. Um Estado todo-poderoso, negando o Direito natural, considera-se juiz da capacidade maternal das mulheres, como se o Estado fosse divino e perfeito.

Ora, nenhuma mãe é perfeita. Nenhum ser humano é perfeito. É a mãe, contudo, que gera a criança, e é a mãe que a deve educar. Ainda que haja casos em que mães tenham problemas que as impeçam de desempenhar seu papel natural, a abertura para que seja a máquina burocrática impessoal de um Estado – não a família estendida, ou mesmo a vizinhança – a definir quem é capaz de maternidade só pode levar a abusos como esses. Como lembrou Lorde Acton, o poder absoluto corrompe absolutamente.

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