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De repente, um fim de semana no Rio de Janeiro. Hotel em Ipanema. Quarto no 18.º andar com vista para o Oceano Atlântico, do Arpoador ao Leblon. Conhece o Rio? Se ainda não, recomendo. Quem já esteve lá sabe: não há nada igual no mundo. Ou há?

Nem mesmo a arrogância ou a estupidez de alguns cariocas, talvez resquício da pompa da corte de dom João VI, estragam a estada naquela metrópole que tem mar. Mas, é fato, há nativos do balneário que se acham. "Dá licença", ordenam, em tom de voz bélica, se você é pedestre, para na calçada e interrompe o fluxo, babando diante da beleza natural do Rio.

Arrogância e estupidez, ou falta de educação, não são características exclusivas de pessoas que vivem e circulam em território carioca. Há sujeitos que poderiam esperar você se recuperar do impacto visual da cidade, sem pedir "licença", em Curitiba, Porto Alegre ou São Paulo.

Mas estar no Rio é o que importa: nada de show, cinema ou museu. Camiseta, bermuda, chinelos, óculos escuros e um calçadão. A luz da cidade quase cega. Tudo é deslumbrante. Até circular de bicicleta pela orla da zona sul carioca é possível: asfalto em linha reta, diferentemente do sobe e desce de Curitiba, onde tem chuva e garoa constantes e, pior, alguns sujeitos que pedalam, discursam e querem se promover ao mesmo tempo.

O ir e vir pode ser divino e maravilhoso na zona sul do Rio, até que, e isso vai acontecer, chega a conta. A diária do hotel? Mais de R$ 500. Uma lata de cerveja na beira do mar? R$ 7. Uns petiscos e outros chopes num botequim do Leblon? R$ 135. Táxi de Ipanema ao Galeão? R$ 80.

Caro? Os preços no Rio ultrapassaram o limite do razoável, inclusive em comparação ao que era praticado em 2008, 2010 e 2012. O que acontece? Tem a ver com o dragão do Cerrado. Já ouviu falar?

Quem me contou sobre o dragão do Cerrado foi uma desconhecida. Ou um colega? Não lembro quem disse, mas o responsável pela inflação no Rio, e em todo o país, é um monstro. Tem a ver com Brasília? Talvez. Usa topete? Sofre de halitose? É arrogante? Trata-se de uma entidade masculina ou feminina? Pedala discursando?

Não tenho todas as informações sobre a criatura. Sei que o dragão do Cerrado precisa desaparecer. Não apenas para eu passar fins de semana no Rio — os intervalos acontecem quando há gordura sobrando e, de fato, estou com arrobas acima do limite. O problema é que, do jeito que está, se o dragão do Cerrado continuar por aí, não será fácil nem mesmo sobreviver em Curitiba, Porto Alegre ou São Paulo.

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