Esta quinta-feira é o aniversário de 110 anos de nascimento de Paulo Rónai, um grande brasileiro. Nascido na Hungria, ele aprendeu o português sozinho, com a ajuda de uma gramática e um dicionário. Fugido dos nazistas, foi ter em Portugal, onde descobriu que não entendia nada do que se dizia, apesar de ler e escrever perfeitamente qualquer texto. Deparou-se, então, com brasileiros e – alvíssaras! – descobriu que entendia e falava o português do Brasil. Veio para cá e em coisa de um mês já estava trabalhando como artesão da palavra portuguesa em um jornal. Foi professor de Latim no Colégio Pedro II, então o colégio-modelo do Brasil, e um dos maiores pensadores e fomentadores da tradução no Brasil.
Esta vocação de acolhimento é o que faz do Brasil Brasil. Por que haveríamos de receber aquele imigrante que ninguém mais queria? Por que acolher aquele refugiado sem eira nem beira? Porque somos brasileiros, e somos cristãos, e é essa a coisa certa a fazer: “fostes estrangeiros no Egito”, lembra-nos a Escritura que formou a base de nossa civilização.
Por que acolher aquele refugiado sem eira nem beira? Porque somos brasileiros, e somos cristãos, e é essa a coisa certa a fazer
Grandes brasileiros que nasceram no exterior, como Paulo Rónai, são uma riqueza ainda maior que os nascidos em solo pátrio. Eles trazem novidades, sabenças, conhecimentos, artes e técnicas diferentes, que se somam àquilo que já temos aqui e fazem com que tudo melhore. Devemos acolher o estrangeiro como acolhemos Paulo: tornando-o um de nós, plenamente brasileiro, plenamente integrado, perfeitamente parte da comunidade que o acolheu.
O desafio do acolhimento de imigrantes é esse: devemos tentar ao máximo evitar colocá-los em guetos ou dificultar de qualquer maneira que seja a sua assimilação. O ideal é que eles casem com filhas da terra, falem português em casa e se assimilem nos hábitos ao resto da população, sem deixar de manter riquezas culturais que podem ajudar a toda a sociedade. Paulo Rónai tinha seu imenso conhecimento de línguas. Estoutro imigrante é um cozinheiro de mão cheia. Aquele ali é excelente mecânico. Aqueloutro toca divinamente a música de sua terra. Cada um deles traz sua parcela de riqueza para a nossa sociedade, cada um deles deve ser recebido e integrado, de braços abertos, pelo governo e pela população.
Estamos em tempos de desconfiança; muitos desconfiam dos imigrantes, como se não estivessem chegando a um país com 60 mil homicídios por ano, mas vindo dele. Eles vêm da guerra, da fome, da pobreza, e a fartura de nossa terra, mesmo com a violência que nos assola, pode dar a cada um deles um lugar ao sol. Implantando-se no interior, os imigrantes podem ajudar tremendamente na reconquista do Brasil fora do litoral.
Não sei se já existe tal data, mas, se não houver, sugiro 13 de abril para Dia do Imigrante.
PT se une a socialistas americanos para criticar eleições nos EUA: “É um teatro”
Os efeitos de uma possível vitória de Trump sobre o Judiciário brasileiro
Ódio do bem: como o novo livro de Felipe Neto combate, mas prega o ódio. Acompanhe o Sem Rodeios
Brasil na contramão: juros sobem aqui e caem no resto da América Latina
Deixe sua opinião