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Carlos Ramalhete

Paulo Rónai

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(Foto: Divulgação)

Esta quinta-feira é o aniversário de 110 anos de nascimento de Paulo Rónai, um grande brasileiro. Nascido na Hungria, ele aprendeu o português sozinho, com a ajuda de uma gramática e um dicionário. Fugido dos nazistas, foi ter em Portugal, onde descobriu que não entendia nada do que se dizia, apesar de ler e escrever perfeitamente qualquer texto. Deparou-se, então, com brasileiros e – alvíssaras! – descobriu que entendia e falava o português do Brasil. Veio para cá e em coisa de um mês já estava trabalhando como artesão da palavra portuguesa em um jornal. Foi professor de Latim no Colégio Pedro II, então o colégio-modelo do Brasil, e um dos maiores pensadores e fomentadores da tradução no Brasil.

Esta vocação de acolhimento é o que faz do Brasil Brasil. Por que haveríamos de receber aquele imigrante que ninguém mais queria? Por que acolher aquele refugiado sem eira nem beira? Porque somos brasileiros, e somos cristãos, e é essa a coisa certa a fazer: “fostes estrangeiros no Egito”, lembra-nos a Escritura que formou a base de nossa civilização.

Por que acolher aquele refugiado sem eira nem beira? Porque somos brasileiros, e somos cristãos, e é essa a coisa certa a fazer

Grandes brasileiros que nasceram no exterior, como Paulo Rónai, são uma riqueza ainda maior que os nascidos em solo pátrio. Eles trazem novidades, sabenças, conhecimentos, artes e técnicas diferentes, que se somam àquilo que já temos aqui e fazem com que tudo melhore. Devemos acolher o estrangeiro como acolhemos Paulo: tornando-o um de nós, plenamente brasileiro, plenamente integrado, perfeitamente parte da comunidade que o acolheu.

O desafio do acolhimento de imigrantes é esse: devemos tentar ao máximo evitar colocá-los em guetos ou dificultar de qualquer maneira que seja a sua assimilação. O ideal é que eles casem com filhas da terra, falem português em casa e se assimilem nos hábitos ao resto da população, sem deixar de manter riquezas culturais que podem ajudar a toda a sociedade. Paulo Rónai tinha seu imenso conhecimento de línguas. Estoutro imigrante é um cozinheiro de mão cheia. Aquele ali é excelente mecânico. Aqueloutro toca divinamente a música de sua terra. Cada um deles traz sua parcela de riqueza para a nossa sociedade, cada um deles deve ser recebido e integrado, de braços abertos, pelo governo e pela população.

Estamos em tempos de desconfiança; muitos desconfiam dos imigrantes, como se não estivessem chegando a um país com 60 mil homicídios por ano, mas vindo dele. Eles vêm da guerra, da fome, da pobreza, e a fartura de nossa terra, mesmo com a violência que nos assola, pode dar a cada um deles um lugar ao sol. Implantando-se no interior, os imigrantes podem ajudar tremendamente na reconquista do Brasil fora do litoral.

Não sei se já existe tal data, mas, se não houver, sugiro 13 de abril para Dia do Imigrante.

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