O Evangelho deste Domingo de Ramos nos narra a entrada gloriosa de Jesus em Jerusalém, na qual Ele foi recebido, por uma parte do povo, como o rei davídico (Filho de Davi), o Messias. Isso significa o cumprimento das antigas promessas messiânicas. O desejo dos fiéis de se unirem a esta homenagem, cantando a glória do Senhor e abanando ramos de palmeiras, significa que eles querem inserir-se nesta realização da promessa, confirmar para sempre o significativo gesto do povo, que Jerusalém esqueceu dentro de poucos dias. A narrativa da paixão feita por Marcos tem uma característica: nos apresenta Jesus, que está sempre em silêncio.
As autoridades religiosas que lhe perguntam se Ele é o Messias e a Pilatos que quer saber se Ele é rei, simplesmente responde: "Sim, eu sou". E só. Durante o processo não sai uma única palavra dos seus lábios. Diante dos insultos, das provocações, das mentiras, Ele fica calado, não responde mais nada. Sabe que quem o quer condenar está plenamente consciente da sua inocência, e Ele já sabe que seus inimigos já decidiram a sentença e por isso não vale a pena rebaixar-se ao nível deles, aceitando uma discussão que não mudaria nada.
Há um silêncio que é sinal de fraqueza e de falta de coragem. É aquele, por exemplo, de quem não intervém para denunciar injustiças, porque tem medo de meter-se em confusões ou de indispor-se com alguma pessoa influente. Há, ao invés, um silêncio que é sinal de fortaleza de espírito: é aquele de que não aceita as provocações, é aquele de quem não se perturba diante da arrogância, do insulto, da calúnia. Jesus não reage e deste modo comprova não só sua certeza de estar do lado da verdade, mas também a sua confiança de que a causa justa, por Ele defendida, acabará triunfando.
Há situações em nossa vida, nas quais não vale a pena responder. O cristão não é um pusilânime que se resigna, que não quer lutar contra o mal; é, ao contrário, alguém que tenta, por todos os meios lícitos, estabelecer a verdade. Mas é também aquele que, como o Mestre, tem a energia para calar, recusando-se a usar os meios desleais, aos quais recorrem os seus adversários: a calúnia, a mentira, a violência. Não teme a derrota, não se aflige com a vitória dos seus inimigos, porque sabe que se trata de um triunfo efêmero. O ponto culminante de toda a narrativa da paixão de Jesus segundo Marcos, é a profissão de fé, proclamada aos pés da cruz, pelo comandante dos soldados romanos: "Então o centurião, quando viu Jesus morrer daquele modo, disse: verdadeiramente este homem era Filho de Deus".
O que se deve destacar na narrativa da paixão de Marcos é o fato que a descoberta e a proclamação de Jesus, como Filho de Deus, não foi feita por um dos apóstolos ou por um discípulo, mas por um pagão. É da boca de um soldado estrangeiro que procede a fórmula usada pelos primeiros cristãos para proclamar a própria fé em Cristo. Além disso, o que abre os olhos do centurião e lhe permite reconhecer naquele condenado o Filho de Deus, não são o terremoto, o escurecimento do sol ou algum outro milagre, mas o modo como Ele morre. Esse soldado pagão representa todos os homens que chegam à fé em Cristo: não se convertem por terem assistido a algum milagre, mas por ter percebido o sentido de uma vida doada aos irmãos por amor. É dessa descoberta que nasce a verdadeira fé e a autêntica adesão a Cristo.
Que caminho nós seguimos para proclamar a nossa profissão de fé em Cristo "Filho de Deus"? Fomos nós convencidos por algum sinal, por uma graça especial, ou foi Deus que nos abriu os olhos e nos revelou quem é aquele que morre na cruz e a razão pela qual Ele doa sua vida?
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