O evangelho deste domingo nos apresenta a cena dos vendilhões do templo. É o tempo da Páscoa e Jerusalém está superlotada de peregrinos, vindos de todas as partes do mundo para celebrar a festa, para oferecer sacrifícios e cumprir as suas promessas. Muitos peregrinos vêm de longe; trabalharam e economizaram durante anos para conseguir, uma vez na vida, realizar a "viagem sagrada", com sua família.

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Os comerciantes sabem muito bem que a Páscoa é uma ótima oportunidade para fazer bons negócios: em poucas semanas têm a ocasião de ganhar mais do que no ano inteiro. Os acontecimentos mais graves se verificam no templo. Três semanas antes da Páscoa, a praça na frente do mesmo é transformada num mercado. A passagem do evangelho de começa apresentando-nos Jesus que chega ao templo justamente por ocasião da festa. Não pronuncia uma só palavra, começa furiosamente expulsar todos e jogar pelos ares as mesas, as cadeiras, o dinheiro, as gaiolas das pombas. A reação de Jesus é surpreendente: ninguém poderia imaginar que Ele pudesse chegar a gesto tão violento. Tinha-se a impressão que Ele se mantivesse sempre calmo, manso, sorridente, tranqüilo, mas nessa ocasião Ele mostra aspecto muito diferente. Qual é o sentido desse procedimento tão pouco habitual por parte de Jesus? A explicação nos é dada por duas frases que Jesus pronuncia para comentar o que está fazendo.

A primeira: "Tirai daqui tudo isso e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes". Purificando o templo dos mercadores, Jesus declara que chegou o Reino do Messias e condena de maneira enérgica qualquer mescla, qualquer confusão entre religião e interesses econômicos. Esse ensinamento será sempre atual também para a nossa religião cristã. A religião é usada, muitas vezes, para esconder ou justificar interesses, vantagens, benefícios, que nada tem a ver com o evangelho. Estes pecados não podem e não devem ser negados ou justificados. É preferível pedir que Deus no-los perdoe e cuidar para não repeti-los. É importante e urgente que as Igrejas sejam irrepreensíveis nesse ponto. Nada de truques, nada de jogadas fraudulentas, nada de favoritismo no uso dos bens da comunidade, pois, não sendo assim, a mensagem que anunciamos perde imediatamente a credibilidade.

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O ensinamento mais importante, porém, é outro e é destacado pela segunda frase pronunciada por Jesus: "Destruí este templo e em três dias Eu o reerguerei". Nesse ponto Ele não se referia mais ao comércio e às transações torpes que eram executadas no santuário, mas fala da inauguração de um novo templo e do início de um novo culto. Logo em seguida, de fato, o evangelista observa: "Ele falava de templo do seu corpo". Que templo novo é esse? O novo templo é uma realidade completamente diferente: a sua construção já começou – como nos ensina o evangelho – "depois de três dias", isto é, no dia da Páscoa. Ressuscitando dos mortos o próprio Filho, o Pai colocou a pedra fundamental do novo santuário. Em seguida sobre esta pedra, Ele colocou outras pedra vivas, que são os discípulos de Cristo. Todos juntos formam o corpo de Cristo, o novo templo onde Deus habita. Dirá ainda Jesus: "Se alguém me ama, observará a minha palavra; meu Pai o amará e nós viremos a ele e nele estabelecerá a nossa morada". (Jo 14,23).

Cristo e os membros da comunidade cristã formam em conjunto o novo santuário do qual se elevam a Deus em todas as horas os perfumes dos incensos e dos sacrifícios que lhe são agradáveis. Já não se trata das ofertas da carne e do sangue dos cordeiros, mas das obras de amor em favor dos homens. A fé que precisa ver, constatar obras extraordinárias, é muito frágil. Em nossos dias também há cristãos nos quais Jesus não confiaria: são os que baseiam a própria fé em graças ou milagres que esperam conseguir com suas orações. A verdadeira fé em Cristo é diferente: consiste em aceitar transformar-se, junto com ele, em pedras vivas do novo templo e em dedicar a própria vida em favor dos irmãos.