A festa de Todos os Santos e o Dia dos Finados são uma coisa só: inclui toda a Igreja militante, padecente e triunfante. Se estamos convencidos disso, estes dias não se tornam dias tristes, mas dias para sentirmos o pensamento da glória e da paz que recebem os que procuram, durante sua caminhada na terra, o rosto amoroso do Pai. Esta é a comunhão de todos os santos. Temos presentes os que nos precederam, não nos fixando na sua imperfeição, mas no destino glorioso que lhes foi designado por Deus. Assim recordamos os nossos pais, que nos deram a vida e a fé cristã; os nossos irmãos e amigos que lembramos com grande saudade, por todo o bem que nos fizeram. E pensamos também em todos aqueles que estão ainda a caminho, os que estamos lutando lado a lado. Na festa de Todos os Santos, celebramos os justos do passado, celebramos a vocação à santidade e celebramos a santidade como graça presente.

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No evangelho da festa de Todos os Santos, lemos a mensagem das Bem-aventuranças. Elas devem ser entendidas como uma proclamação da chegada do Reino de Deus para as pessoas que vão ficar felizes com isso. São, ao mesmo tempo, a proclamação da amizade de Deus para aqueles que participam do espírito que é evocado por oito exemplificações e um programa de vida para todos os que escutam a palavra de Cristo. Este programa de vida já entra em ação desde que alguém se torna discípulo do Jesus: os que estão realizando este programa já são "santos". Por isso, este evangelho foi escolhido. Jesus proclama a bem-aventurança (a felicidade). Jesus felicita os "pobres de Deus", os que confiam mais em Deus do que na prepotência, os que produzem paz, os que vêem o mundo com a clareza de um coração puro. Sobretudo os que sofrem por causa do Reino, pois sua recompensa é a comunhão no "céu", isto é, em Deus. Dedicando sua vida à causa de Deus, eles "são deles".

É o que diz São João: "Já somos filhos de Deus e nem imaginamos o que seremos! Mas uma coisa sabemos: seremos semelhantes a Ele, realizaremos a vocação de nossa criação. O amor de Deus tomará totalmente conta de nosso ser, ao ponto de nos tornar iguais a Ele. Ser santo significa ser de Deus. Não é preciso ser anjo para isso. Santidade não é angelismo. Significa um cristianismo libertado e esperançoso, acolhedor com todos os que "procuram a Deus com um coração sincero". Mas significa também um cristianismo exigente. Devemos viver mais expressamente a santidade de nossas comunidades por uma prática da caridade digna dos santos e por uma vida espiritual sólida e permanente. A liturgia do Dia de Finados poderia ser chamada também a liturgia da esperança. Pois, como "o último inimigo é a morte", a vitória sobre a morte é o critério da esperança do cristão.

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A morte é considerada como um ponto final: "tudo acabou". A resposta cristã é: "A vida não é tirada, mas transformada". Esta resposta baseia-se na fé na Ressurreição de Jesus Cristo. Se Ele ressuscitou, também para nós a morte não é o ponto final. Somos unidos com Ele na vida e na morte. Ele é a ressurreição e a vida: unir-se a ele significa não morrer, não parar de existir diante de Deus, embora o corpo morra e se decomponha. Trata-se de uma fé, de uma maneira de traduzir o Mistério de Deus e da totalidade da existência.