Na caminhada da vida, constantemente Jesus nos interpela: "E vocês, quem dizem que eu sou?". O povo de Israel assimilara uma imagem distorcida do Messias e não tinha clareza sobre sua identidade. Hoje, como outrora, as pessoas são presas fáceis das novas propostas religiosas e pseudo-religiosas. Dada a realidade de uma evangelização superficial, "o número de católicos que chegam à nossa celebração dominical é limitado; é imenso o número de distanciados, assim como aqueles que não conhecem a Cristo". Esses todos responderão vagamente à interpelação do Mestre. Pedro confessou sua fé no Cristo, Filho do Deus vivo, graça à escuta de sua palavra e à cotidiana convivência.
O discípulo reconheceu o Messias porque a revelação do Pai encontrou nele abertura e acolhida. Quer dizer, descobre as verdades do desígnio de Deus quem se deixa iluminar pela luz da fé. Com razão, reconhece o Documento de Aparecida: "A fé em Jesus como o Filho do Pai é a porta de entrada para a vida. Como discípulos de Jesus, confessamos nossa fé com as palavras de Pedro: "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo" (n. 11).
A fé um dom de Deus, é uma adesão pessoal a Ele. Crer só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Por isso "a fé cristã nos faz reconhecer um propósito na existência: não somos frutos do acaso, fazemos parte de uma história que se desenrola sob o olhar amoroso de Deus". Sem sombra de dúvida, o grande desafio da Igreja, dos discípulos e dos missionários é anunciar a verdade sobre Jesus Cristo; ter a coragem de proclamar ao povo, aos grupos humanos, às deferentes culturas e realidades quem é o Filho de Deus, despertar e alimentar a fé em Cristo, não apenas com palavras, mas pelo testemunho e pela prática solidária da caridade, sobretudo através de iniciativas que favoreçam a experiência de Jesus Cristo. Para dar uma resposta convincente de fé, os cristãos precisam conhecer a fundo Jesus Cristo, saber sempre mais sobre sua pessoa e obra pela leitura e meditação dos Evangelhos e pelos encontros com Ele por meio da ação litúrgica, em particular dos sacramentos.
A grande missão dos discípulos e missionário é "proteger e alimentar a fé" do povo de Deus e recordar também aos fiéis que, em virtude do seu Batismo, é chamado a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo num período da história caracterizado pela desordem generalizada que se propaga por novas turbulências sociais e políticas, pela difusão de uma cultura distante e hostil à tradição cristã e pela emergência de variadas ofertas religiosas que tratam de responder, à sua maneira, à sede de Deus que nossos povos manifestam.
Aos discípulos e missionários de Jesus Cristo, mais o que condenar e excluir cabe acolher e perdoar, absolver e reconciliar em nome de Jesus Cristo. São chamados a ser construtores da paz entre os povos e nações. Todos nós como pessoas de fé, na Igreja, somamos com Pedro como pequenas pedras. Por simples e modestas que sejam essas pedras, todas devem estar densas do dom da fé. Aderindo a Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, somos parte do seu Corpo, a Igreja, contra qual as forças do mal não triunfarão. Contudo, precisamos fortalecer a fé, para encarar os novos desafios, uma vez que estão em jogo o desenvolvimento harmônico da sociedade.
Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.