No Evangelho deste domingo nos é proposta por Jesus a parábola da ovelha desgarrada. "Quem de vós que tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu até encontrá-la? E quando a encontra, alegre a põe nos ombros e, chegando em casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: Alegrai-vos comigo! Encontrei a ovelha que estava perdida!" (Lc 15,4-7). O objetivo de Jesus não é o de converter os pecadores.
O que Ele quer que todos entendam é que começou uma festa e é esta festa, preparada para as pessoas indignas, que revolta os " justos". A atitude de Jesus, que dá acolhida aos pecadores e come com eles, revela uma face de Deus que os fariseus não podem aceitar: é escandalosa. Ensinavam os rabinos: o Senhor se alegra com a ressurreição dos justos e com a ruína dos ímpios. Jesus, ao contrário, proclama que Ele se alegra com a ressurreição dos ímpios: " Haverá mais alegria no céu por um pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento". Mas, o que é isso? Um convite para pecar? Não!. Não é um convite para pecar, mas para reconhecermo-nos todos pecadores diante de Deus. Ninguém é "justo".
O deus que retribui exatamente na proporção dos méritos, só existe na cabeça dos fariseus de ontem e de hoje! O Deus de Jesus é aquele que salva a todos, é alguém que "perde a cabeça" e que raciocina com o coração; é alguém que organiza a festa não para quem merece, mas para quem está abatido, para quem tem fome; é alguém que "não quer que se perca nenhum destes pequenos".
Quem deve converter-se? Os pecadores? Com certeza! Mas, sobretudo, devem converter-se os " justos". Estes, além de terem que corrigir a própria vida, pois todos somos pecadores e é difícil definir quem é mais e quem é menos, devem corrigir, sobretudo, as próprias idéias teológicas a respeito de Deus. Qual é a origem das críticas que os fariseus fazem ao comportamento de Jesus? De onde derivam as normas de separação que eles impõem? De um conceito errado que eles têm de Deus.
Quem acredita que Deus é um juiz que distingue os bons dos maus, que ama os justos e que odeia para sempre os pecadores, com certeza sente-se inclinado a levantar barreiras entre os homens, torna-se fanático, esquece que ele mesmo é pessoa necessitada da misericórdia de Deus, inventa a religião " dos merecimentos", não aceita um Deus que gosta de sentar-se à mesa com um pecador, prefere correr o risco de ficar ele mesmo fora da festa antes de admitir que nela devam entrar também os que não a " merecem".
Dom Moacyr José Vitti, arcebispo metropolitano.
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