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Nos dias 28 a 30 de setembro foi realizada, na Casa de Retiro do Mossunguê, em Curitiba, a XVIII Assembléia do Povo de Deus do Paraná. O tema tratado foi uma análise da Igreja Católica no Paraná à luz do Documento da Quinta Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe em Aparecida. Comparada ao seu processo oficial, levado a cabo em uma perspectiva pré-conciliar, a Conferência de Aparecida foi uma grata surpresa.

O Documento apresenta uma proposta desafiadora. O ponto de partida nos apresenta uma realidade que nos interpela, pois contradiz o Reino da vida. Para os Bispos, as condições de vida dos milhões e milhões de abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e sua dor, contradizem o projeto do Pai e desafiam os cristãos a um maior compromisso em favor da cultura da vida.

O Reino de vida, que Cristo veio trazer, é incompatível com estas situações desumanas. Estamos imersos em um processo de globalização excludente, que afeta os setores mais pobres, gerando novos rostos de pobreza. Já não se trata do fenômeno da opressão, mas de algo novo, da exclusão social. Os excluídos não são somente "explorados", mas "supérfluos" e "descartáveis". Subordina-se inclusive a preservação da natureza ao desenvolvimento econômico. O ponto de chegada: a vida em plenitude para a pessoa inteira e para nossos povos. A cultura de morte, que marca nossa situação, não tem a última palavra.

Deus tem um plano para a obra da Criação e para a humanidade, em especial aos mais pobres, que é seu Reino de Vida. Fazer sua vontade, é engajar-se na continuação da obra de seu Filho, colocando-se ao serviço da "vida em plenitude" para as pessoas e para os povos. A serviço da vida plena das pessoas: uma promoção humana, que leve à autêntica libertação integral, abarcando a pessoa inteira e todas as pessoas, fazendo-as sujeito de seu próprio desenvolvimento. A serviço da vida plena de nossos povos: Deus, em Cristo, não redime só a pessoa individual, mas as relações sociais entre os seres humanos.

A fé cristã deverá engendrar padrões culturais alternativos para a sociedade atual. A promoção da vida em Cristo nos leva a assumir evangelicamente as tarefas prioritárias que contribuem com a dignificação de todos os seres humanos, e, para isso, a trabalhar junto com as demais pessoas e instituições fazendo dos pobres sujeitos de mudança e de transformações de sua situação, evitando o paternalismo, no diálogo com as ciências, cuidando da ecologia; inculturando o Evangelho, de modo particular no mundo urbano e na vida pública. Uma exigência: uma Igreja em estado permanente de missão. Isto exige desinstalar-se.

A Igreja, para ser toda ela missionária, necessita desinstalar-se de seu comodismo, estancamento e tibieza, à margem do sofrimento dos pobres do continente. Que a missionariedade impregne a Igreja inteira. Esta firme decisão missionária de promoção da cultura da vida deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos de pastoral, em todos os níveis eclesiais, bem como toda a instituição eclesial, abandonando as ultrapassadas estruturas.

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