Jesus nos confia hoje seu único mandamento, síntese da lei e dos Profetas e que se expressa de duas maneiras interdependentes: na comunhão amorosa com Deus e na alegria da comunhão fraterna. Ele encarna a posição de Deus a favor dos pequenos e isso incomoda alguns grupos de poderosos de seu tempo. No Evangelho de hoje tenta fazer outra armadilha a Jesus com uma pergunta sobre a lei.
Os fariseus contavam 613 preceitos da lei: 365 proibições do que não se pode fazer e 248 mandamentos que precisavam ser realizados. Era necessário conhecer e praticar todos eles. Em caso conflito, era também necessário estabelecer uma hierarquia entre os mais e menos importantes. Os rabinos afirmavam que todos tinham a mesma importância. Alguns dizem que a observância do sábado era a síntese de toda a lei.
O profeta Miquéias diz: "Foi-te dado a conhecer o que é bom, o que o Senhor exige de ti: nada mais que respeitar o direito, amar a fidelidade e aplicar-te a caminhar com teu Deus" (6,8). O povo pobre não tinha acesso às informações da religião elitizada. Para os chefes da religião, o povo era impuro, pecador. Eles esperavam que Jesus respondesse que todos os mandamentos são igualmente importantes, excluindo assim os pobres da prática religiosa.
Jesus vive no meio do povo, não participa da vida das elites que se incomodam com seus ensinamentos que promovem os pobres. Questionado pelos fariseus sobre o qual seria o maior mandamento, Jesus reponde: amor a Deus e ao próximo, que contém toda Lei e os Profetas. A Lei e os Profetas significam toda a Sagrada Escritura e são resumidos no amor a Deus, como entrega total de si m esmo e amor aos irmãos como a si mesmo. Esses dois mandamentos são a expressão da vontade de Deus.
A Palavra que Deus nos diz hoje é um alerta contra uma religião que separa a relação com Deus da vivência cotidiana e das relações humanas. Religião intimista e personalista sem compromisso com os irmãos. Jesus deixa claro que não existe um amor a Deus e outro ao próximo. Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo entendimento nos faz amar o próximo com a mesma intensidade. Não é possível ser fiel a Deus sem a fidelidade ao povo.
Os fariseus, às vezes, até desprezavam o povo. Jesus, o Mestre da justiça no Evangelho de Mateus, garante que é necessário pôr-se diante de Deus e diante das pessoas, sem estabelecer prioridades ou grau de valor. É recomendável ler a I carta de São João 4,7-21, onde encontramos: "Se alguém disser: "Amo a Deus" e odeia seu irmão é um mentiroso. Com efeito, quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.
"E este é o mandamento que dele recebemos: Aquele que ama a Deus ame também a seu irmão". Nosso amor a Deus será uma ilusão se não for uma participação em seu amor e não expressar no serviço à humanidade, como se revelou em seu filho Jesus.
Deus é amor total que se entregou à humanidade. Deus não quer um amor etéreo e volátil. Ele nos garante por meio das atitudes de Jesus, o Filho, que lhe ser fiel é sentir com o povo que sofre, ama e espera. É viver como Jesus viveu, entregue ao bem dos mais espezinhados e excluídos. Como vivemos essa Palavra no dia-a-dia?
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