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Dom Moacyr José Vitti CSS

Ânimo! libertação está próxima

O Evangelho deste dia usa uma linguagem um pouco surpreendente para nós. Na época em que Marcos escreve este capítulo do seu evangelho, as comunidades cristãs estão agitadas e assustadas por causa de guerras, calamidades e de crises que abalam o mundo inteiro. A situação difícil, como em nossos dias, faz ferver a fantasia de alguns fanáticos que, ao lembrarem a profecia de Jesus sobre a destruição do templo de Jerusalém, começam a perturbar os ânimos dos fiéis: anunciam uma catástrofe iminente que acabará com todos os seres criados e marcará a hora da volta de Cristo. Para tranquilizar os cristãos o evangelista lembra inicialmente o conselho do Mestre para não deixar-se enganar com tais discursos insensatos; não deve haver preocupação alguma quanto à data do fim do mundo; o verdadeiro problema é outro: trata-se de saber como é que devem viver no dia de hoje os discípulos, neste mundo.

O trecho começa com as imagens características da literatura apocalíptica: o sol escurece a lua não reflete o seu esplendor, as estrelas caem, as forças da natureza são abaladas. O que significa tudo isso? Antigamente os astros do céu eram considerados divindades, que tinham influência sobre a vida dos homens, podiam conceder benefícios ou provocar tragédias; por esta razão era preciso conquistar a sua amizade, oferecendo-lhes orações e sacrifícios. Visando refutar a religião que adoravam o Sol, a Lua, e as estrelas, os profetas tinham afirmado que um dia estes corpos celestes teriam perdido a luz e teriam caído. Não queriam dizer que as forças cósmicas seriam abaladas e que o firmamento teria desabado sobre nossas cabeças, mas que o mundo pagão, representado por esses astros, teria sido destruído.

Ao retomar essas imagens, Jesus não quer assustar os seus discípulos, mas sim confortá-los. As pestilências, a carestia, as violências e as perseguições que devem enfrentar são sinais de um mundo que está sendo dominado pelo maligno, mas este mundo quase chegou ao fim, fim este que já está decretado. O Filho do Homem está para chegar com as nuvens do céu, com grande poder e majestade, para fundar definitivamente o reino no qual não haverá mais fome, nem dor, nem doenças, nem crimes. Inicialmente Jesus adverte para não dar ouvidos a certas pessoas exaltadas que, de tempos em tempos, aparecem também nas nossas comunidades e, citando desastradamente algumas frases da Bíblia, saem por aí anunciando catástrofes e iminente fim do mundo.

Ensina-nos, em seguida, a difundirmos sempre o otimismo ao redor de nós. O cristão não desconhece os problemas e os dramas no meio dos quis os homens se debatem, mas não os interpreta como sinais de morte; os vê como as dores do parto que prenunciam o nascimento de uma nova vida. Num mundo impregnado de tanto ódio, de tantas dores e lágrimas, as nossas comunidades devem ser sinais de esperança e fontes de amor, de alegria e de paz.

Dom Moacyr José Vitti CSS, arcebispo Metropolitano.

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